Informe da OIT

Situação política deteriora mercado e aumenta desemprego na Palestina

Total de desempregados cresceu em mais de 25% no ano passado, chegando a 338.300, com taxa de 27%, chegando a 38,5% no caso da mulheres e a 43,9% na região de Gaza

CC / Zero000

Prolongada ocupação israelense bloqueia economia palestina, que dá sinais de colapso social próximo

São Paulo – A paralisação do processo de paz e o aumento das tensões na região provocam deterioração econômica e do mercado de trabalho, com graves consequências na Palestina, diz a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em informe anual. O total de desempregados aumentou em 25,2% no ano passado, de 270.000 para 338.300 pessoas, em uma força de trabalho de 1,255 milhão. A taxa de desemprego foi de 23,4% para 27%, subindo para 38,5% no caso da mulheres e a 43,9% na região de Gaza. O documento será submetido à 104ª Conferência Internacional do Trabalho, que começa na próxima segunda-feira (1º), em Genebra.

“O peso conjunto da prolongada ocupação e da extensão dos assentamentos (israelenses) não permite o desenvolvimento de uma economia palestina viável e produtiva, que poderia oferecer oportunidades suficientes em termos de trabalho decente”, afirma o diretor-geral da OIT, Guy Ryder. “Mantidas as tendências atuais, a possibilidade de se concretizar essas oportunidades será ainda mais remota”, acrescenta.

A conclusão do informe é de que a “sensação geral” predominante é de que a perspectiva para o desenvolvimento da sociedade – e do próprio Estado palestino soberano – continua restrita. Segundo Ryder, a suspensão dos esforços em busca de um acordo poderá ter “efeitos graves e devastadores sobre as iniciativas que buscam conseguir melhoras no emprego e nos meios de subsistência de mulheres e homens palestinos”.

Dos trabalhadores empregados, 36,2% estão no setor de serviços e outras atividades, enquanto 20,2% concentram-se em comércio, restaurantes e hotéis. Em seguida, 15,3% ficam na construção civil. Em 2014, segundo informa a OIT, 67% dos empregados no setor privado ganhavam menos de um salário mínimo palestino.

Um dos desafios é conseguir oportunidades para os jovens, que têm taxa de desemprego próxima de 40% no caso dos homens e 63% para as mulheres. “Mais de 70% dos palestinos têm menos de 30 anos e enfrentam grandes dificuldades para encontrar um emprego quando concluem os estudos.”

De acordo com o relatório da OIT, um número crescente de palestinos tem acesso ao mercado de trabalho de Israel, “com ou sem as permissões requeridas”. São mais de 52 mil palestinos trabalhando legalmente naquele país e outros 26 mil nos assentamentos. “Recentemente, algumas restrições ao acesso dos palestinos ao mercado de trabalho israelense têm sido atenuadas, e isso causou certo alívio em uma situação de alto e crescente desemprego entre os palestinos”.

Por outro lado, até um terço dos 107 mil palestinos que, pelas estimativas, trabalham na economia israelense não recebem os benefícios previstos nos acordos coletivos. “Eles trabalham em condições fora das normas trabalhistas e que pudem ser, inclusive, precárias, dando lugar à exploração”. A OIT comenta ainda que trabalhar em Israel deveria ser “uma opção e não uma necessidade” para os palestinos.