Emir Sader

América Latina e Caribe querem zona livre de pobreza e fim do embargo a Cuba

Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que encerra 3ª Cúpula de Chefes de Estado na Costa Rica. Na Rádio Brasil Atual, Emir Sader ressalta aprofundamento da integração

Roberto Stuckert Filho/PR

Dilma defende em cúpula fim do embargo dos EUA a Cuba

São Paulo – Para o cientista político e sociólogo Emir Sader, a reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que encerra hoje sua 3ª Cúpula de Chefes de Estado, em San José, na Costa Rica, representa uma atualização das relações entre os países do continente, que anteriormente se baseava em um modelo de integração que remonta à Guerra Fria, ou ainda à época da Doutrina Monroe, cujo lema “América para os americanos”, denotava a influência dos EUA sobre os demais países.

“A Organização dos Estados Americanos (OEA), que representava essa integração, tem a presença determinante do Estados Unidos, além do Canadá. Qualquer questão, conflito ou problema do continente passava pela OEA e aí a hegemonia norte-americana pesava fortemente”, disse Sader à Rádio Brasil Atual. “A Celac é uma instância alternativa à OEA.”

Segundo ele, o tema central da reunião foi a luta contra a pobreza, com o compromisso proposto pelo Equador, que ocupa a presidência rotativa da Comunidade, em estabelecer na região uma “zona livre de pobreza”, após a terem declarado “zona livre de conflitos violentos”, como continuidade das negociações de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, as Farc.

Outro assunto relevante abordado na reunião foi o reatamento das relações entre Cuba e os Estados Unidos. “Raul Castro fez uma intervenção, colocando as condições de Cuba para normalizar, mas falta um caminho longo, a começar pelo fim do bloqueio.” A presidenta Dilma Rousseff também fez pronunciamento nesse sentido. Emir ressalta que essa é também uma vitória da Celac que fez pressão diplomática em prol do entendimento Cuba-EUA.

O sociólogo ressalta que o fortalecimento da Celac é também uma vitória da diplomacia brasileira. “É ativa a participação do Brasil. É mais um espaço em que o país exterioriza e concretiza as boas relações que tem com os países do continente.”

Emir comenta o estreitamento da Celac com a China, que anunciou um “imenso pacote de investimentos” para a região e concretiza acordos bilaterais com países do bloco. Tal situação, inclusive, teria colaborado para a reaproximação Cuba-EUA, como forma de contornar certo isolamento. “Os grandes interlocutores e parceiros dos países do continente acabam sendo China, Rússia e, dentro do continente, o Brasil. Os Estados Unidos correm atrás para não ficar tão fora desse novo panorama de intercâmbios econômicos internacionais.”

Confira o comentário na Rádio Brasil Atual:

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