Crise política

Morte de procurador prenuncia cenário eleitoral turbulento na Argentina

Procurador acusava o governo de acobertar iranianos acusados por atentados nos anos 1990 e apresentaria hoje provas em audiência no Congresso

Efe

Procurador compareceria hoje (20) ao Congresso para explicar denúncias sobre acobertamento em atentados

São Paulo – Para o sociólogo e cientista político Emir Sader, a morte do procurador Alberto Nisman deve elevar a temperatura do ambiente político na Argentina, que se prepara para as eleições presidenciais no segundo semestre. Sob ‘fogo cerrado’ da oposição, a presidenta Cristina Kirchner não deverá concorrer a novo mandato.

O procurador havia denunciado a presidenta e o ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman, por acobertamento de responsabilidades dos acusados pelos atentados à embaixada de Israel, em 1992, com 29 mortos, e à Associação Mutual Israelense Argentina (Amia), que matou 85 pessoas em 1994, buscando facilitar um acordo de entendimento com o Irã.

Nisman foi encontrado morto em seu apartamento, em Buenos Aires, com um tiro na cabeça. A principal hipótese é de suicídio. Hoje (20), o procurador deveria apresentar provas do suposto acobertamento em audiência no Congresso.

Sader classifica como ‘muito estranhas’ as circunstâncias da morte. O cientista político explica que o caso se arrasta há mais de 20 anos e que, recentemente, a Argentina conseguiu um acordo com o Irã para ouvir, naquele país, os acusados pelo atentado, mas apenas na condição de testemunhas. “A colônia judaica não aceitou, assim como o procurador”.

Como resposta, o governo Argentino anunciou, também hoje, que vai autorizar o acesso aos documentos secretos do caso Amia.

Sader lembra ainda que outros acordos negociados com o Irã, como a troca de grãos argentinos por petróleo iraniano não se concretizaram. Ainda assim, é um ‘duro golpe para o governo’, que é acusado pela oposição de ter ‘induzido’ o suicídio.

Ouça o comentário de Emir Sader na Rádio Brasil Atual