posse 3º mandato

Evo Morales: ‘Um dia vamos voltar ao Oceano Pacífico com soberania’

Bolívia busca uma decisão que obrigue o Chile a negociar definitivamente sua exigência por uma restituição do acesso soberano ao oceano, o que foi perdido em uma guerra travada no final do século 19

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Presidenta Dilma viajou a La Paz para retribuir a presença de Evo Morales em sua posse, no último dia 1º

La Paz – O presidente da Bolívia, Evo Morales, em discurso realizado hoje (22) durante a cerimônia de posse para seu terceiro mandato consecutivo, afirmou que seu país “um dia” voltará ao Oceano Pacífico “com soberania”. O novo mandato valerá para o período de 2015 a 2020.

Morales destacou entre as ações realizadas na gestão passada a apresentação “com solidez e consistência” do processo contra o Chile na Corte Internacional de Justiça de Haia (CIJ), devido à demora nas negociações para resolver a centenária exigência boliviana. “Nossa demanda está bem encaminhada. Por história, por justiça e por direito, um dia vamos voltar ao Oceano Pacífico com soberania”, afirmou o líder.

Com a abertura do caso, a Bolívia busca uma decisão que obrigue o Chile a negociar definitivamente sua exigência por uma restituição do acesso soberano ao oceano Pacífico, o que foi perdido em uma guerra travada no final do século 19. Na disputa, a Bolívia perdeu 400 quilômetros de costa e 120 mil quilômetros quadrados de território.

Os dois países não têm relações diplomáticas desde 1962, com exceção de um período entre 1975 a 1978, devido à não solução da reivindicação marítima boliviana. Apesar disso, os países têm embaixadas em La Paz e Santiago. As relações se deterioraram mais em 2013, após a Bolívia levar o caso para o CIJ.

O Executivo chileno rejeita a reivindicação com o argumento de que os limites ficaram traçados em um tratado assinado em 1904, 25 anos depois da guerra, e que a CIJ não tem competência para julgar o caso, pois foi criado depois da assinatura do acordo.

A presidente do Chile, Michelle Bachelet, não assistiu a posse de Morales, e seu país mandou como representante o presidente da Suprema Corte de Justiça chilena, Sergio Muñoz.

Dilma retribui

A presidenta Dilma Rousseff participou do evento em sua primeira viagem ao país andino, em retribuição a Evo Morales, que veio ao Brasil para a posse de 1º de janeiro.

Para o embaixador do Brasil na Bolívia, Antônio José Rezende de Castro, a presença de Dilma fecha ciclo de reaproximação importante para a história dos dois países.

“A relevância da Bolívia para o Brasil não podia ser maior. A Bolívia é parte da nossa circunstância na América do Sul. Um país vizinho, país amigo, com o qual mantemos relações diplomáticas, comerciais e históricas. E tem se aproximado cada vez mais do Brasil nos últimos tempos”, afirmou ele em entrevista ao Blog do Planalto.

A Bolívia é o país com o qual o Brasil compartilha sua maior fronteira, 3,4 mil km. Historicamente, o Brasil é também o principal parceiro comercial da Bolívia. É o primeiro destino das exportações bolivianas – equivalendo a cerca de 40% do total – em função da venda do gás natural, e segunda origem das importações, atrás apenas do Chile. Em dez anos, o comércio entre Brasil e Bolívia cresceu quase 600%. Além da relação comercial, os dois países mantêm projetos e acordos de cooperação técnica nas áreas de combate ao narcotráfico, energia, infraestrutura e social.

A posse dos governantes bolivianos contou também com a presença dos presidentes da Costa Rica, Luis Guillermo Solís; do Equador, Rafael Correa; do Paraguai, Horácio Cartes; de Trinidad e Tobago, Anthony Carmona, e da Venezuela, Nicolás Maduro, entre outros. Também participaram os vice-presidentes da Argentina, da Bielorrúsia, de Cuba, da Nicarágua e do Peru.

Ritual

Antes de fazer o juramento no cargo, Morales recebeu cinco dirigentes indígenas e sindicais no Palácio Quemado. Ele entregou aos dirigentes, simbolicamente, a medalha e a faixa presidencial para que fossem levadas ao Legislativo.

Vestido com traje escuro adornado com motivos andinos e com uma camisa branca, Morales se dirigiu à Assembleia Legislativa para a investidura no cargo. No discurso de posse, Evo Morales disse que reduzirá a pobreza. “Até 2020 nos comprometemos e estamos convencidos que vamos reduzir a extrema pobreza a apenas um dígito, a 8% ou 9%”, disse.

Álvaro García Linera fez o juramento como vice-presidente de Bolívia, cargo que também dá direito à presidência do Parlamento onde o partido de Morales, o Movimento ao Socialismo, tem maioria.

Os eventos de recondução do presidente boliviano começaram ontem (21) com um ritual ancestral indígena em um sítio arqueológico chamado Tiwanaku.

Ao final do ato de posse, as autoridades e parlamentares bolivianos entoaram o “Hino ao Mar”, uma marcha militar que expressa o desejo do país de ter um acesso ao mar.

Com informações da Agência Brasil e do Blog do Planalto

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