Argentina

Cristina diz estar ‘convencida’ de que morte de promotor não foi suicídio

Para presidenta, Alberto Nisman se baseou em 'pistas falsas' para acusá-la e a morte dele é uma 'operação contra o governo'

Agência Télam

Presidenta cita argumentos que ‘derrubam como castelo de cartas’ o que fora apresentado como ‘denúncia do século’

São Paulo – O fiscal, que denunciou um suposto encobrimento, por parte da presidenta e de altos funcionários do governo, do atentado terrorista realizado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), há 21 anos, foi encontrado morto no domingo (18), com um tiro na cabeça, um dia antes de comparecer ao Congresso para dar detalhes sobre a denúncia.

“A denúncia de Nisman nunca foi em si mesma a verdadeira operação contra o governo. Nisman não sabia e provavelmente nunca soube. A verdadeira operação contra o governo foi a morte do promotor depois de acusar a presidenta, seu chanceler e o secretário-geral do La Cámpora (grupo político da presidenta) de encobrirem os iranianos acusados pelo atentado terrorista”, afirmou.

A mandatária menciona alguns artigos publicados pela imprensa argentina, entre eles a análise de Raúl Kollmann, publicado pelo jornal Página/12 que, segundo ela, derruba como um “castelo de cartas” o que fora apresentado como “denúncia do século”.

Após relembrar casos de supostos suicídios e que seguem sem esclarecimentos adequados, Kirchner acrescenta que “o usaram vivo e depois precisaram dele morto” e pontua uma série de questionamentos ao caso da morte de Nisman. “Por que iria se suicidar se não sabia que era falsa a informação que tinha? Porque iria se suicidar alguém que sendo fiscal gozava, ele e sua família, de uma excelente qualidade de vida? Por que foi autorizado o acesso à casa de Nisman a um médico privado de uma obra social antes de informar o juiz, os superiores, os forenses?”.

“Hoje não tenho provas, mas tampouco tenho dúvidas”, disse Kirchner, para quem o caso foi trazido à tona para aproveitar a comoção mundial decorrente do atentado terrorista na França.

Entenda o caso

O atentado à AMIA, em 1994, foi o maior ato terrorista já realizado na Argentina, matando 85 pessoas.

Em 2006, uma decisão da Justiça argentina considerou o governo iraniano culpado de ter planejado o atentado, que teria sido executado pelo grupo libanês Hezbollah, com ajuda do Irã, que nega as acusações.

A pedido da Argentina, a Interpol determinou ordem de captura de cinco cidadãos iranianos e um libanês. Na lista dos acusados, estão iranianos que ocupavam altos postos no governo do então presidente Akbar Hashemi Rafsanjani (1989-1997) – entre eles, o ex-ministro da Defesa Ahmad Vahidi e o próprio Rafsanjani.

 

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