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Para diretor da Fiesp, Cuba é porta de acesso a mercado de 70 milhões de pessoas

Thomaz Zanotto, diretor de comércio exterior da federação das indústrias, observa que país tem educação e saúde públicas de qualidade e população com boa empregabilidade

TVT/Reprodução

Para Zanotto, mais pragmatismo e menos ideologia passarão a prevalecer nas relações comerciais

A retomada das relações diplomáticas garante a participação de Estados Unidos e Cuba na reunião da Cúpula das Américas em 2015 – um evento que reúne chefes de Estado do continente. A queda do bloqueio econômico que perdura desde 1962 ainda dependerá do Congresso norte-americano. Mas novas perspectivas de relações comerciais já se abrem e movimentam atores econômicos nos vários países. “Acho que vai começar a prevalecer mais pragmatismo e menos ideologia. São 10 a 11 milhões de pessoas em Cuba, bem-educadas, têm já saúde razoável, prontas para conseguir, portanto, trabalhar em manufatura, indústria”, afirma Thomaz Zanotto, diretor de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Para o empresário, essa retomada de relações entre Cuba e EUA favorece diretamente o Brasil, tendo em vista o Porto de Mariel, o maior do país, construído por empresas brasileiras com financiamento do governo federal. “Cuba é a plataforma ideal para alcançarmos esse mercado de 70 milhões de pessoas do Caribe: o terceiro maior em população da América Latina, depois do Brasil e do México.”

Para o diretor da Fiesp, Cuba deve seguir o caminho da China e se tornar uma economia de mercado em crescimento. “Cuba é especial no sentido que agora está se confirmando. Vai ser uma míni-China, se a gente pode dizer assim. Já havia iniciado processo semelhante ao que a China fez 30 anos atrás com Deng Xiaoping. E a nossa previsão era de que o país ia começar a avançar e no dia em que o embargo caísse Cuba realmente iria acelerar muito rapidamente”, completa Zanotto.

Outro país

Durante 25 anos, nas décadas de 1970 e 1980, o médico Mario Zanconato morou em Cuba. Lá ele conheceu a mulher, especializou-se em clínica médica e foi professor universitário. Naquela época, os cubanos já contavam com o apoio de outros países para superar dificuldades diante do embargo econômico. “A limitação com alimentação, combustível, eletricidade foi maior. Tinha apagão duas, três vezes ao dia, de uma hora, de duas, até mais”, lembra o médico.

Mario voltou ao Brasil em 1992 e todos os anos visita a ilha. Agora, o médico espera encontrar um país diferente quando retornar. “O povo cubano é essencialmente alegre, mas quando você visita uma casa ele fica constrangido porque às vezes nem café tem pra te brindar. Tem tudo em casa, geladeira, televisão, um conforto razoável, mas esse conforto, a alimentação, o vai e vir do cubano são limitados”, explica Mario.

Assista à reportagem de Talita Gali, na TVT.

Assista aqui, um resumo da história que marcou o acirramento de conflitos entre os dois países