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EUA: mais protestos por não indiciamento de policial branco que matou homem negro

Manifestantes foram às ruas de Nova Iork, Washington, Chicago, Boston, Pittsburgh e outras; prefeito Bill de Blasio anunciou novo treinamento policial

efe

Manifestantes fecham saída do túnel Lincoln, que liga Nova York a Nova Jérsei

São Paulo – Manifestantes em várias cidades dos Estados Unidos voltaram às ruas na noite de ontem (4) para protestar após o não indiciamento de um policial branco que enforcou um homem negro em Nova Iorque durante uma abordagem. Houve 83 prisões durante os protestos na cidade.

Em Nova York, foram registrados os maiores protestos. Diversos grupos marcharam pela cidade, fechando ruas em Manhattan. Um deles foi até Times Square e protestou na frente de um dos prédios da polícia da cidade (conhecida pela sigla NYPD) e, outro, ao prédio principal do órgão, do lado da prefeitura. Partes da ponte do Brooklyn foram fechadas, assim como dois túneis que ligam a cidade a Nova Jérsei.

Houve protestos, também, em Chicago, Washington, Pittsburgh, Boston, Oakland (Califórnia) e Savannah (Geórgia). Em todas elas, os manifestantes pediam o fim de atitudes racistas por parte da polícia e gritavam, entre outras frases, “nós não podemos respirar”, em referência às últimas palavras ditas pelo homem morto pelo policial.

O homem, de 43 anos, pai de família negro, morreu após ser detido pela polícia de Nova York com um golpe de estrangulamento proibido aplicado pelo policial vestido de civil. O júri considerou na quarta-feira (3), no entanto, que não há provas suficientes para acusar o policial Daniel Pantaleo pela morte.

A decisão veio uma semana depois de um veredito semelhante no caso Ferguson — também o júri do Missouri optou por não indiciar o policial que matou Michael Brown.

Ontem, o prefeito de Nova Iork, Bill de Blasio, anunciou que o governo vai iniciar um retreinamento “significativo” das forças policiais da cidade. “Perguntas fundamentais estão sendo feitas, e justamente por isso. A maneira que lidamos com o policiamento precisa mudar”, disse. De Blasio não entrou em detalhes sobre o novo treinamento policial.

ONU

Um grupo de seis analistas independentes das Nações Unidas afirmou hoje (5) que existe “uma preocupação legítima” com a possibilidade de que exista nos Estados Unidos um padrão de impunidade em relação à brutalidade exercida contra cidadãos afro-americanos.

“A decisão (dos dois júris) deixou muitos com a legítima preocupação sobre um padrão de impunidade quando as vítimas do uso excessivo da força são de origem afro-americana ou de outras comunidades minoritárias”, afirmou, citada em comunicado, a relatora especial sobre minorias, Rita Izsak.

O relator especial sobre formas contemporâneas de racismos, Mutuma Ruteere, lembrou as contínuas evidências de práticas discriminatórias, que incluem ter como alvo da polícia os negros. “Os afro-americanos têm dez vezes mais possibilidades de ser parados por agentes antitráfico que uma pessoa branca. Além disso, há várias queixas que os afro-americanos são desproporcionalmente afetados pelo uso letal da força. Estas práticas devem ser erradicadas”, disse Ruteere.

Por sua vez, o relator especial sobre execuções extrajudiciais, Christof Heyns, destacou que a lei internacional só permite o uso letal da força quando for absolutamente necessária.

“As leis de muitos estados dos Estados Unidos são muito mais permissivas do que a lei internacional, e criam uma atmosfera onde não há limites suficientes para o uso da força. As leis deveriam ser revisadas”, concluiu Heyns.

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