São Paulo – Para o jornalista e escritor Fernando Morais, comentarista da TVT, quem ganha com a retomada das relações entre Cuba e Estados Unidos, anunciada ontem (17), “é a humanidade, os amantes da paz, os inimigos da força bruta. É uma decisão histórica dos dois países, principalmente dos Estados Unidos, porque Cuba nunca rompeu relações com os EUA”.

Em ato histórico, divulgado simultaneamente pelos presidentes Raúl Castro e Barack Obama, Cuba e Estados Unidos se comprometeram a normalizar as relações rompidas desde 1961. O primeiro passo já foi dado com a libertação, nos Estados Unidos, dos últimos três dos cinco cubanos presos sob a acusação de espionagem. Em contrapartida, Cuba libertou um funcionário da inteligência norte-americana, detido há mais de 20 anos, e Alan Gross, preso há cinco anos, também por espionagem.

Obama afirmou que a barreira ideológica e econômica entre os dois países não faz mais sentido, e que esses 50 anos mostraram que o isolamento não funcionou. Castro lembrou que segue pendente um tema importante para o povo de cuba: o embargo econômico dos Estados Unidos.

Entre as medidas previstas pelo governo norte-americano, está abertura da embaixada em Havana, o relaxamento de restrições sobre remessas, viagens, relações bancárias, negócios de americanos e atividades educacionais. Cuba deve libertar 53 presos cubanos identificados como prisioneiros políticos pelo governo americano.

As negociações entre Cuba e Estados Unidos duraram 18 meses, foram sediadas no Canadá e tiveram apoio do papa Francisco, que teria encorajado reuniões secretas entre Barack Obama e Raúl Castro. Ontem, o presidente norte-americano agradeceu ao papa por seu exemplo moral, mostrando ao mundo como ele deveria ser em vez de simplesmente se conformar como o mundo é.

Entre os principais avanços, Fernando Morais lembra que a partir de hoje (18), os cidadãos dos Estados Unidos poderão fazer turismo na ilha. Segundo a Organização Internacional do Turismo, atualmente Cuba recebe por ano 3 milhões de turistas. A previsão é que com as novas medidas, esse número possa chegar a 9 milhões, o que significaria um aporte de 15 bilhões de dólares à economia de Cuba, representando cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB).

O comentarista chama a atenção ainda para outra questão: “Os brasileiros que passaram esse anos todos criticando o Lula e a Dilma, por causa do financiamento do porto de Mariel, vão ter de engolir as críticas, porque agora o Brasil terá prioridade como parceiro de Cuba, a disputar, a 130 quilômetros de distância, um dos maiores mercados do mundo, que é o mercado norte-americano”.

“Esperamos que o presidente Barack Obama continue pressionando o Congresso para que aprove o fim do bloqueio, mas ao mesmo tempo queremos afirmar, com toda a segurança: a Guerra Fria acabou ontem, às 15 horas e um minuto, hora de Brasília, e isso tem de ser saudado e festejado”, conclui Fernando Morais.

Assista a reportagem completa da TVT: