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Eleições no Uruguai devem levar Tabaré Vázquez de volta ao poder

Candidato à sucessão de Pepe Mujica chega ao segundo turno com pesquisas indicando ampla vantagem, após um mês de campanha eleitoral morna

EFE/Iván Franco

Tabaré Vázquez encerra sua campanha no segundo turno das eleições que devem reconduzi-lo à presidência do Uruguai

Montevidéu  – No sétimo pleito à Presidência da República desde a redemocratização do país, o candidato da coalizão governista Frente Ampla, o ex-presidente Tabaré Vázquez, é o favorito na disputa contra o oposicionista Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional.

Todas as pesquisas eleitorais divulgadas na última semana apontam para uma folgada vitória de Tabaré Vázquez neste domingo. A diferença entre as candidaturas de Vázquez e Lacalle Pou estaria oscilando entre 10 e 14 pontos percentuais.

Segundo projeções da empresa Cifra, 52,2% votariam em Vázquez e 37,8%, em Lacalle Pou. Votos em branco e nulos somariam 4,4% e 5,6% ainda não sabem ou não dizem em quem votarão.

Apoios e coalizões

Nas últimas semanas, entusiasmado pelo resultado no primeiro turno, em que obteve 48% dos votos, Vázquez buscou enviar mensagens aos eleitores e militantes políticos dos partidos de oposição, em especial, aos “wilsonistas” do Partido Nacional e aos “batllistas” do Partido Colorado.

Dentro desses dois partidos tradicionais, ambas as correntes são as mais sensíveis às propostas da esquerda, e Vázquez tratou de enviar sinais assegurando a esses grupos a continuidade da política econômica em seu governo.

Os sinais de abertura de Vázquez vieram logo depois da noite do dia 26 de outubro, data do primeiro turno. Nos dias seguintes, se reuniu com os deputados colorados Fernando Amado e Guillermo Faccelo, além do vereador Carlos Larrosa, do mesmo partido.

Sua campanha no interior “mano a mano” e “pueblo a pueblo” foi intercalada com várias conferencias UruguayX+, onde o candidato, junto a vários líderes da Frente Ampla, buscava apresentar e debater as propostas de campanha. Segurança pública e educação foram os temas mais abordados e reconhecidos por Vázquez como duas áreas em que o próximo governo deve aprofundar em busca de melhores resultados.

Quando Vázquez se referiu às últimas leis que ampliaram e garantiram mais direitos para os uruguaios, como as que legalizaram o aborto, o matrimônio igualitário e a maconha, o candidato esquerdista destacou sua preocupação com esta última e prometeu “acompanhar de perto a implementação da lei” que legalizou a produção, distribuição e venda da droga.

A venda da maconha em farmácias ainda está pendente de implementação, apesar de já existirem usuários registrados para cultivo doméstico e clubes de cannabis.

Oposições

Enquanto o Partido Independente optou por não apoiar nenhum dos candidatos no segundo turno, o líder do Partido Colorado e candidato derrotado à Presidência, Pedro Bordaberry, decidiu apoiar Lacalle Pou.

A velocidade com que Bordaberry pretendeu “transferir” a Lacalle Pou os seus 12% de votos obtidos no primeiro turno talvez não tenha sido um êxito. Naquela mesma noite do dia 26, militantes do Partido Colorado manifestaram o seu desagrado com a forma em que Bordaberry declarou o seu apoio.

Para esses militantes, “essa não é a primeira vez que Bordaberry cria fatos políticos querendo condicionar o resto”, afirmou o dirigente colorado Alberto Iglesias, que renunciou ao cargo que tinha no Comitê Executivo Nacional do Partido Colorado.

O deputado colorado Fernando Amado e o senador Tabare Viera qualificaram de “equívoco” e um “grande erro” a decisão unilateral de Bordaberry, sem consulta prévia aos órgãos e diferentes setores do partido.

A noite do dia 26 de outubro culmina com um “microfone aberto”, em que, após Bordaberry descer do palco em que se encontrava Lacalle Pou, um jornalista capta no seu gravador trecho da conversa entre o colorado e um dirigente do Partido Nacional, na qual se pode escutar Bordaberry dizer: “Vim para que façam merda a Tabaré Vázquez”.

Após alguns dias, o Partido Colorado decidiu formalmente o seu apoio a Lacalle Pou no segundo turno das eleições presidenciais, ainda que alguns dirigentes pensassem que a melhor opção era liberar o voto e não defender nenhum candidato.

Lacalle Pou manteve o seu fiel estilo “Pela Positiva”, buscando não fazer enfrentamentos com a Frente Ampla, já que de alguma maneira necessitava “convencer” eleitores que votaram em Tabaré Vázquez no primeiro turno.

Lacalle Pou tratou de diferenciar-se de Tabaré Vázquez instalando três painéis temáticos em conferências pelo país: segurança, educação e economia/impostos. Apesar das insistências de Lacalle Pou em realizar um debate com o seu adversário, a Frente Ampla optou por não se desgastar politicamente com uma atividade dessas características.

O final da campanha foi marcado por um pedido de desculpas do atual presidente do Uruguai, José Mujica, ao candidato Luis Lacalle Pou, em razão dos spots nas redes sociais veiculados por um setor da Frente Ampla, liderado pela senadora Constanza Moreira, onde se critica o nacionalista, por sua posição contrária nas votações das leis que regulamentaram as 8 horas dos trabalhadores rural e doméstico.

Com um toque de humor, o personagem central dos spots se chama “Nany”, uma mulher de classe alta, que em conversas telefônicas com o personagem “Cuquito”, em referência a Lacalle Pou, se mostra “indignada” com os novos direitos conquistados pelos trabalhadores.

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