Trégua humanitária em Gaza é rompida e Israel mantém ofensiva
Palestinos denunciaram que após o inicio da trégua, blindados israelenses fizeram disparos no sul da Faixa de Gaza, deixando seis pessoas feridas
Publicado 01/08/2014 - 11h03
Até agora 1.428 palestinos morreram nos 24 dias da operação militar israelense sobre a Faixa
São Paulo – Os combates entre o Exército de Israel e o Hamas foram retomados na Faixa de Gaza na manhã desta sexta-feira (1º), poucas horas depois da entrada em vigor de um cessar-fogo humanitário de 72 horas. Pelo menos três palestinos morreram em ataques das Forças de Defesa de Israel (IDF) desde que o acordo passou a vigorar.
A trégua foi anunciada na noite de ontem (31) pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e pelo chefe da diplomacia americana, John Kerry. O anúncio do acordo se tornou público depois que o enviado especial da ONU à região, Robert Serry, recebeu a confirmação tanto de Israel como do Hamas.
“Este cessar-fogo humanitário começa às 8h locais da sexta-feira, 1º de agosto de 2014. Estará vigente por um período de 72 horas, a menos que seja estendido. Durante esse tempo, as forças no terreno permanecerão em suas posições”, diz o comunicado conjunto de Ban e Kerry.
No entanto, fontes locais do território palestino denunciaram que após o inicio da trégua, blindados israelenses fizeram disparos na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, deixando seis pessoas feridas. Segundo a agência palestina “Ma’an”, uma vítima morreu com um tiro na cabeça na Cidade de Gaza, enquanto outros dois morreram em um bombardeio da aviação israelense.
A imprensa de Israel acusou o Hamas de continuar com o lançamento de foguetes. Segundo os veículos de comunicação israelenses, os disparos dos carros de combate foram uma resposta para o lançamento de oito foguetes morteiros de milícias palestinas nas imediações da fronteira.
Até agora 1.428 pessoas morreram em Gaza, e outras oito mil ficaram feridas nos 24 dias da operação militar israelense sobre a Faixa, enquanto as baixas em Tel Aviv não chegam a 100, e em sua maioria são militares.
EUA
Os Estados Unidos haviam pedido ontem (31), tanto a Israel como ao movimento palestino islamita Hamas, que respeitassem as condições do cessar-fogo humanitário e que “atuem com contenção”.
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, também solicitara em comunicado que as partes iniciem “imediatamente” negociações no Cairo (Egito) para uma cessação permanente das hostilidades.
Mas o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse também ontem que seu governo não iria interromper a ofensiva sobre Gaza, iniciada sob pretexto de destruir túneis que ligam o território palestino com o país.
“Estamos decididos a completar nossa missão com ou sem cessar-fogo”, afirmou Netanyahu em um pronunciamento à imprensa em Tel Aviv, junto com o ministro da Defesa, Moshe Yaalon, e o comandante do Exército, Beny Gantz, pouco após uma reunião do Conselho de Ministros.
No encontro, Netanyahu disse a seus ministros que embora não haja “uma solução que ofereça completa garantia”, suas forças estão agora “neutralizando uma capacidade que teria permitido aos terroristas matar e sequestrar civis israelenses”.
“Não aceitarei uma situação que não permita ao Exército completar essa missão”, insistiu o chefe do Executivo.