após dois anos

Assange diz que deixará embaixada do Equador em Londres ‘em breve’

O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, afirmou que 'chegou a hora de liberar Julian Assange' e pediu que os direitos humanos sejam respeitados

Agência EFE

Londres se nega a dar a Assange um salvo-conduto diplomático, que permitiria sua saída

São Paulo – O fundador do Wikileaks, Julian Assange, assegurou hoje (18) que deixará “em breve” a embaixada equatoriana em Londres, onde está refugiado há mais de dois anos para evitar uma extradição para a Suécia. A declaração foi dada durante entrevista coletiva concedida junto com o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, na sede da embaixada.

Patiño afirmou que “chegou a hora de liberar Julian Assange” e pediu que os direitos humanos sejam respeitados. O chanceler manteve o convite que já havia sido feito a funcionários do Ministério Público sueco para que “possam tomar as declarações diretamente do senhor Assange na sede diplomática do Equador em Londres”. A possibilidade édefendida pelos advogados de defesado ativista.

A entrevista foi concedida por ocasião do segundo aniversário do asilo político que o Equador outorgou ao ativista, em agosto de 2012 e que, segundo Patinho, Quito manterá.

“Posso confirmar que vou sair da embaixada do Equador logo, mas não pelas razões que vocês imaginam, nem pelas quais indicam os meios de comunicação”, disse Assange. Ele não deu detalhes, no entanto, de como será sua saída, nem se ele se entregará às autoridades do Reino Unido por razões de saúde, como informou a imprensa britânica.

O ativista, de 43 anos, disse que ter ficado sob retenção em Londres, na embaixada equatoriana, sem sair, teve um efeito em sua saúde, já que ele só tem uma hora de exercício por dia.

Em seu Twitter, o presidente do Equador, Rafael Correa, criticou ontem os meios de comunicação: “Dois anos de Assange na embaixada equatoriana em Londres. Onde está a imprensa ‘livre e independente’? O que aconteceria se isso ocorresse no Equador?”.

Hoje, o Reino Unido pediu ao Equador que colabore para resolver a situação “difícil e custosa” de Assange. “Continuamos tão comprometidos como sempre para conseguir uma solução diplomática para a situação”, disse à Agência Efe um porta-voz do Ministério britânico de Relações Exteriores.

O representante do Foreign Office acrescentou que o Executivo de Londres é “claro” ao manifestar que a legislação britânica “deve ser respeitada” e que “Assange deveria ser extraditado para Suécia”, país que pede sua presença para ser julgado por crimes sexuais.

Asilo no Equador

Assange se refugiou na embaixada equatoriana da capital britânica em 19 de junho de 2012 para evitar sua extradição para a Suécia.

Apesar de o australiano contar com a proteção do governo de Rafael Correa, Londres se nega a dar-lhe um salvo-conduto diplomático o que permitiria a saída de Assange da embaixada para ir a Quito.

O ativista é acusado de ter estuprado duas mulheres suecas, motivo pelo qual a Suécia reivindica a extradição ao Reino Unido. Assange nega as acusações e garante que se trata de uma manobra para entregá-lo aos Estados Unidos, onde teme ser condenado por revelar em 2010 milhares de documentos confidenciais sobre as guerras no Afeganistão e no Iraque.