Madri – Os deputados europeus elegeram hoje (15) o luxemburguês Jean-Claude Juncker para o cargo de presidente da Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia.  Com 422 votos a favor, 250 contra e 47 abstenções, o ex-primeiro-ministro de Luxemburgo conseguiu o respaldo do Parlamento após semanas de negociações com todos os grupos políticos europeus.

Juncker é o candidato do Partido Popular Europeu (centro-direita) e deve ocupar o cargo mais importante da UE durante os próximos cinco anos, substituindo o português José Manuel Durão Barroso, que deixa a presidência da Comissão após passar 10 anos no cargo. O PPE foi o partido mais votado nas eleições europeias realizadas entre os dias 22 e 25 de maio e um acordo prévio entre os principais grupos do Parlamento garantiu a nominação de Juncker, oficializada nesta terça.

A eleição do candidato de centro-direita foi alcançada graças ao apoio de parte dos deputados do Partido Socialista Europeu, que, como condição para votar em Juncker, emplacou o alemão Matin Schulz como presidente do Parlamento Europeu. Entretanto, nem todos os deputados socialistas votaram no ex-primeiro-ministro de Luxemburgo. O grupo de socialistas espanhóis divulgou na segunda-feira que não iria votar em Juncker, considerado um dos pais do programa de austeridade que gerou grande crise social na Grécia, em Portugal e na própria Espanha.

Juncker também foi duramente criticado pelo primeiro-ministro inglês David Cameron que durante a última reunião do Conselho da UE, nos dias 26 e 27 de junho, votou contra a sua indicação ao cargo, ficando isolado dentro bloco. O Reino Unido acusa o político de Luxemburgo de ser extremamente pró-europeu, perfil que encontra rechaço em grande parte da população britânica.

Distribuição de cargos

Com a definição do posto mais alto da UE, começam as negociações para a escolha dos políticos que ocuparão os demais cargos de prestígio na instituição. O posto mais cobiçado agora é o de presidente do Conselho da UE, ocupado atualmente pelo belga Herman Van Rompuy. Entre os nomes mais citados estão o da atual primeira-ministra dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt e do ex-líder finlandês Jyrki Katainen.

Dentro da própria Comissão, o cargo de Alto-Representante da UE para Assuntos Exteriores, ocupado pela britânica Catherine Ashton, é o mais desejado. Segundo jornais europeus, o próximo responsável pela política exterior europeia deve ser alguém apontado pelo líder italiano Matteo Renzi, que ganhou força política dentro da UE depois de conseguir a maior votação entre os líderes das grandes potências do bloco nas eleições de 25 de maio.

A Alemanha, que deve ser um dos primeiros países a decidir o posto que deseja ocupar, deve ficar com alguma comissão encarregada por temas financeiros ou econômicos, como já expressado pela chanceler Angela Merkel. O Reino Unido também pretende garantir algum posto de grande importância para diminuir as críticas internas após a confirmação de Juncker pelo Conselho da UE, vista como grande derrota política de Cameron. Ainda nesta terça-feira, o primeiro-ministro britânico apontou o atual líder da Câmara dos Lordes, o barão Jonathan Hill, como o candidato inglês para assumir algum posto na Comissão.