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Ao pedir cessar-fogo, Brasil chama para consultas embaixador em Tel Aviv

Itamaraty considera escalada de violência 'inaceitável', reconhece vítimas civis e condena uso desproporcional da força; em resposta, Israel chama Brasil de 'anão diplomático'

EFE/Atef Safadi

Soldados israelenses rezam em acampamento militar na fronteira com a Faixa de Gaza

São Paulo – O governo brasileiro anunciou na noite de ontem (23) que chamou o embaixador do país em Tel Aviv, Henrique Sardinha Pinto, para consultas em Brasília. Na diplomacia, a medida é uma demonstração de descontentamento com as atitudes de uma nação considerada amiga, caso de Israel.

A irritação do Brasil ficou clara com a nota publicada pelo Itamaraty, em que condena “energicamente” o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza. O governo brasileiro também considera “inaceitável” a escalada de violência entre judeus e palestinos, e lembra que os ataques promovidos pelo exército israelense provocaram “elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças”.

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Nos 17 dias de ofensiva em Gaza, pelo menos 733 palestinos morreram e 4.600 ficaram feridos. Israel contabiliza 35 baixas, entre elas três civis, vítimas dos mísseis lançados pelos milicianos do Hamas a partir de trincheiras na Faixa de Gaza. De acordo com Tel Aviv, o principal objetivo da operação Margem Protetora, alcunha da atual ofensiva, é destruir o arsenal da guerrilha palestina.

Israel lamentou hoje (24) a decisão do Brasil por acreditar que a retirada do embaixador brasileiro em Tel Aviv “não contribui para encorajar a calma e a estabilidade na região”. Em nota, as autoridades israelenses asseguram que tais atitudes dão “apoio ao terrorismo, e naturalmente afetam a capacidade do Brasil de influenciar” a política no Oriente Médio. Israel pontuou ainda que o retorno do embaixador “não reflete o nível das relações entre os dois países e ignora o direito de Israel e se defender”.

“Essa é uma infeliz demonstração de porque o Brasil, um gigante econômico e cultural, se mantém um anão diplomático”, disse ao jornal The Jerusalem Post o porta-voz da chancelaria israelense, Yigal Palmor. “O relativismo moral por trás dessa medida transforma o Brasil num parceiro diplomático irrelevante, que cria problemas em vez de contribuir para soluções.”

Mais tarde, após participar de evento na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, rebateu as acusações da chancelaria israelense. “Devo dizer que o Brasil é um dos onze países do mundo que mantêm relações diplomáticas com todos os membros da ONU”, pontuou. “E temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles, seguramente.”

Figueiredo também defendeu a nota publicada pelo Itamaraty. “Condenamos a desproporcionalidade da reação de Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% são civis”, reafirmou. “Realmente, não é aceitável um ataque que leve a tal número de mortes de crianças, mulheres e civis.” O chanceler lembrou ainda que o Itamaraty já havia criticado o Hamas. “Somos absolutamente contrários aos foguetes contra Israel. Não pode haver dúvida disso.”

O Brasil é o segundo país a retirar seu representante diplomático em Tel Aviv como protesto à ofensiva contra Gaza. O Equador já havia tomado a mesma decisão. Brasília optou por convocar seu embaixador apenas depois de o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas ter votado resolução ontem (23) condenando Israel pela ofensiva em Gaza e ordenando uma investigação sobre o elevado número de vítimas civis no território palestino.

Com informações da Agência Efe e Agência Brasil

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