tragédia

Avião da Malaysia Airlines com 295 pessoas cai na fronteira entre Ucrânia e Rússia

Autoridades do governo da Ucrânia dizem que aeronave pode ter sido abatida por manifestantes pró-Rússia; insurgentes ucranianos dizem ter encontrado caixa-preta

Ahmad Yusni/efe

Passageiros observam painéis com informações sobre voos no aeroporto de Kuala Lumpur, após acidente nesta quinta

São Paulo – Um assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, Anton Gerashenko, afirmou na tarde de hoje (17) que o voo MH17 da Malaysia Airlines foi abatido por um míssil quando sobrevoava a vila de Grabovo, a 50 quilômetros da fronteira com a Rússia. A região é dominada por rebeldes que se opõem ao atual governo ucraniano e lutam pela anexação à Rússia. De acordo com a agência Interfax, insurgentes ucranianos encontraram a caixa-preta da aeronave.

De acordo com agências internacionais, a distância entre os restos mortais das vítimas localizados até o momento supera espaços de 11 quilômetros entre si, o que indica que a nave pode ter se partido ainda no ar. Apenas 100 corpos foram localizados pelas equipes de resgate até o momento, de um total de 295 vítimas (280 passageiros, 15 tripulantes).

Ainda de acordo com Gerashenko, o míssil teria sido disparado de um sistema Buk, que pode lançar bombas a até 22 mil metros de altura; a nave estava a 10 mil metros de altura quando passava pela região. Tanto o governo como os separatistas ucranianos negaram a autoria de um possível ataque contra a aeronave civil, um Boeing 777 que partiu de Amsterdã, na Holanda, com destino a Kuala Lumpur, na Malásia, na madrugada desta quinta-feira.

“Não excluímos que o avião tenha sido abatido, mas reafirmamos que o exército ucraniano não recebeu nenhuma ordem nesse sentido”, afirmou o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, à agência Reuters. “Os responsáveis por esta tragédia certamente pagarão por isso”, completou. Há notícias de que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, já está em contato com as autoridades ucranianas para definir a posição da Casa Branca sobre a queda da aeronave. Informações não confirmadas dão conta de que haveria 23 cidadãos norte-americanos no avião.

O Conflito

Rússia e Ucrânia estão em conflito desde 22 de fevereiro, quando o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, foi deposto por um levante popular contrário à influência russa sobre a política do país.

O estopim dos protestos foi o encerramento de uma negociação de três anos com a União Europeia para estreitar os laços políticos da Ucrânia com o bloco, com vistas em uma possível futura adesão ao grupo. Durante os protestos iniciados em novembro de 2013 e na composição do novo governo, a forte presença de grupos de neonazistas e demais grupos da extrema-direita causaram apreensão na comunidade internacional.

O oeste ucraniano, onde mais de 70% da população considera-se étnica ou culturalmente russa, foi tomado por movimentos rebeldes que não reconhecem o governo pró-ocidente.

A região da Crimeia, no sudoeste ucraniano, realizou referendo em 16 de março deste ano para oficializar a anexação à Rússia, à revelia do governo da Ucrânia, que não reconheceu a votação e não autorizou a transferência do território, por onde passam os dutos de gás natural que abastecem a Europa. A superioridade militar russa, no entanto, impediu que os ucranianos mantivessem controle sobre a região, mesmo com apoio dos Estados Unidos e da União Europeia. Posteriormente, outras regiões do país começaram a buscar a anexação pela Rússia.

Atualmente, a Rússia é alvo de sanções comerciais e políticas por parte dos Estados Unidos e da União Europeia, que tentam pressionar o primeiro ministro Vladimir Putin a desistir de anexar novos territórios ucranianos.