'pouco representativa'

Estudantes chilenos se manifestam contra reforma educacional de Bachelet

SEBASTIÁN SILVA/efe Professores e estudantes decidiram se mobilizar por uma educação pública e gratuita em todos os níveis Santiago do Chile – Milhares de estudantes chilenos marcharam hoje (10) pelas […]

SEBASTIÁN SILVA/efe

Professores e estudantes decidiram se mobilizar por uma educação pública e gratuita em todos os níveis

Santiago do Chile – Milhares de estudantes chilenos marcharam hoje (10) pelas ruas de Santiago para protestar contra a reforma educacional que o governo da socialista Michelle Bachelet está promovendo, por considerá-la insuficiente e pouco representativa.

Pela segunda vez em dois meses, os dirigentes dos alunos universitários e do ensino médio, aos quais desta vez se somaram os professores, decidiram se mobilizar por uma educação pública e gratuita em todos os níveis, o que, segundo sua opinião, deve ser um direito constitucional.

A presidente da Federação de Estudantes do Chile (Fech), Melissa Sepúlveda, assegurou que o movimento estudantil não aceitará uma “maquiagem do modelo educacional”.

“Desta vez, os estudantes não vão cometer os mesmo erros, não estamos dispostos a nos sentar sem nenhuma garantia para tentar validar uma reforma educacional que já está em curso”, acrescentou Melissa.

O governo já enviou ao Congresso os primeiros projetos de lei orientados a reformar a educação chilena, que se centram no fim do “copago” (quando é cobrado um valor por um serviço público) por parte dos pais em estabelecimentos que recebam subvenção estatal, assim como na eliminação do benefícios e dos processos de seleção em todos os colégios.

No entanto, os estudantes não estão de acordo com estas iniciativas, entre outras razões, porque acham que não rompem drasticamente com o modelo vigente.

“Querem fazer uma reforma em 100 dias sem escutar ninguém”, lamentou Naschla Aburman, presidente da Federação de Estudantes da Universidad Católica (Feuc).

“Enquanto não for eliminado o mercado da educação, não haverá mudanças reais”, comentou Lorenza Soto, porta-voz da Assembleia Coordenadora de Estudantes do Ensino médio (Aces).

Bachelet ouviu partes das reivindicações dos estudantes e assegurou que os próximos projetos de lei que forem enviados ao Congresso considerarão as mudanças solicitadas.

“Entendemos que há impaciência, mas os projetos que têm a ver com as reformas universitárias ocorrem depois dos primeiros cem dias de governo”, disse Bachelet, que assumiu seu segundo mandato em 11 de março.

Mas os estudantes e os professores, que convocaram uma greve nacional para o próximo dia 25 de junho, não têm vontade de esperar e parecem decididos a conquistar mudanças muito mais drásticas do que as promovidas pelo governo.

Embora os dirigentes que convocaram a mobilização de hoje terem falado sobre a participação de cerca de 40 mil pessoas, a olhos nu o número parecia bastante inferior e a mobilização teve muito menos gente do que outras realizadas pelos estudantes desde 2011. A polícia estimou em 15 mil os presentes.

Nas ruas próximas à Alameda Bernardo O’Higgins, a principal artéria de Santiago pela qual transcorreu a passeata, foram vistos vários policiais, que só entraram em ação com o fim da mobilização, quando ocorreram alguns incidentes isolados.

Alguns sujeitos encapuzados e menores de idade arrombaram as portas de um loja enquanto outros tentaram suspender algumas barricadas perto do lugar onde terminava o percurso da manifestação, mas foram rapidamente dispersados pela polícia, que empregou gás lacrimogêneo e jatos de água.

Paralelamente à manifestação de Santiago, houve mobilizações estudantis em outras cidades como Valparaíso, Concepción, Temuco, Valdivia, Copiapó e Arica.