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Vaticano diz que não há conflito com ONU em casos de abusos de crianças

Contudo, porta-voz da Igreja insinua que comitê dê muita atenção a ONGs contrárias à Santa Sé

EFE

Para o representante do Vaticano, ‘o comitê parece não entender a natureza específica das atividades da Santa Sé’

São Paulo – O Vaticano refutou hoje (7) a existência de um conflito com a Organização das Nações Unidas (ONU), cujo comitê tem criticado a Santa Sé nas últimas semanas, exigindo que a instituição reconheça as denúncias de pedofilia e expulse os responsáveis pelos milhares de casos de abusos sexuais.

“As Nações Unidas são uma realidade muito importante para a humanidade de hoje. Em suas mais altas instâncias, o apoio à Santa Sé e ao diálogo positivo são apreciados e desejados”, declarou o porta-voz da Santa Sé, o padre Federico Lombardi.

Contudo, Lombardi fez críticas ao Comitê da ONU para os Direitos da Criança,que divulgou na quarta (5) um relatório apontando a falta de atitude do Vaticano.De acordo com os analistas, a instituição religiosa não tomou “as medidas necessárias” para solucionar os casos e proteger os menores, permitindo que a prática se estendesse ao longo dos anos.

Para o representante do Vaticano, “o comitê parece não entender a natureza específica das atividades da Santa Sé”, criticando também o pedido feito pelos os analistas da ONU de rever o posicionamento da Igreja face à questão da homossexualidade, do aborto e da recusa a aceitar métodos contraceptivos e de proteção contra a Aids.

“O modo de apresentar as objeções e a insistência em diversos temas particulares parecem insinuar que o comitê deu muita atenção a ONGs contrárias à Igreja Católica e à Santa Sé”, alega Lombardi. “As observações do comitê vão além de sua competência e interferem nas posições doutrinárias e morais da Igreja Católica, através de uma visão ideológica própria sobre sexualidade”, acrescentou.

A ‘vergonha da Igreja’

Segundo o relatório da ONU, houve “dezenas de milhares de casos” de abusos sexuais contra crianças por parte de membros das igrejas católicas e a Santa Sé muitas vezes rejeitou cooperar com as autoridades judiciais e comissões de investigação. O relatório foi apresentado quase duas semanas após o comparecimento de autoridades da alta hierarquia do Vaticano perante o comitê.

No dia 16 de janeiro, a ONU havia cobrado ações efetivas da Santa Sé contra casos de pedofilia na Igreja.Os representantes do clero que estiveram frente a membros das Nações Unidas admitiram que houve registros de abusos em “todas as profissões, inclusive entre membros do clero”. Na ocasião, o papa Francisco afirmou que a Igreja Católica precisa assumir sua “vergonha” diante dos casos.

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