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Parlamento destitui Yanukovich e convoca eleições na Ucrânia

Presidente do Parlamento renuncia após acordo de paz

Stanislaw Rozpedzik/EFE/EPA

Dezenas de cidadãos se aproximaram da residência presidencial à espera de que se abra o acesso ao seu interior

Kiev – A Rada Suprema, o Parlamento da Ucrânia, destituiu hoje (22) o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, por “abandono de suas funções constitucionais” e convocou eleições presidenciais antecipadas para o dia 25 de maio. Ele fugiu para a Rússia, informou o canal de televisão TSN.

O veículo afirma que Yanukovich está voando para o país vizinho, após ter denunciado hoje que os eventos na Ucrânia, onde a oposição tomou o poder, são um golpe de Estado. Ele anunciou que não renunciará, em entrevista concedida ao canal de televisão UBR nesta manhã.

O presidente da Rada Suprema, Vladimir Ribak, renunciou neste sábado por motivos de saúde, um dia depois do acordo de paz assinado por Yanukovich e os líderes da oposição para acabar com a crise que o país vive há três meses.

A renúncia de Ribak, justificada por uma doença, foi anunciada pelo vice-presidente da Rada, Ruslan Koshulinski, conforme constatou a Agência Efe, no começo da sessão extraordinária do Parlamento da Ucrânia às 10h locais (5h de Brasília) e da qual não participa o veterano político que já deixou o cargo.

Na última terça-feira (18), enquanto começavam os distúrbios nas ruas de Kiev e a Rada se reunia em uma sessão ordinária pouco depois de aprovar uma lei de anistia, Ribak sofreu uma crise de hipertensão e teve de ser atendido pelos médicos na própria sede do Legislativo.

Também renunciou ao seu cargo o primeiro vice-presidente da Rada, Igor Kaletnik, anunciou Koshulinski.

O porta-voz de Yanukovich na Rada, o deputado governista Yuri Miroshnichenko, pediu que seus colegas parlamentares não tomem decisões importantes sem contar com o Partido das Regiões (PR), que governa o país. Advertiu que, caso isso ocorra, a Ucrânia correrá o risco de uma divisão.

Apenas 23 deputados do PR participam da sessão parlamentar de hoje, na qual compareceram 248 dos 450 parlamentares do Legislativo ucraniano.

Cerca de 41 parlamentares do PR abandonaram a legenda nos últimos quatro dias, desde o início dos trágicos confrontos da terça-feira que, dois dias mais tarde, deixaram um saldo de pelo menos 80 mortes e centenas de feridos entre manifestantes e policiais. Até agora, o grupo parlamentar do PR era formado por 205 deputados, que junto ao Partido Comunista da Ucrânia e independentes somavam uma maioria parlamentar no plenário ucraniano, composto por 450 legisladores.

Koshulinski também anunciou que a lei para a restituição da Constituição de 2004, aprovada ontem pelos deputados, foi remetida ao presidente para sua assinatura.

Por outro lado, o líder do partido de oposição Udar, Vitali Klitschko, propôs ao Parlamento uma resolução para destituir Yanukovich e motivar assim a imediata convocação de eleições presidenciais antecipadas.

Protestos

As autodefesas do Maidan, linha de frente dos ativistas na resistência à polícia durante os violentos distúrbios desta semana em Kiev, ocuparam as ruas do centro da capital e dos acessos das administrações públicas, incluído o palácio presidencial, segundo constatou a Agência Efe.

Além disso, manifestantes opositores ocuparam a residência Mezhigorie, a casa de campo do presidente, situada a cerca de 20 quilômetros ao norte da capital, e permitiram o acesso ao seu interior de vários jornalistas.

Em Kiev, pequenos grupos de manifestantes armados e protegidos com capacetes vigiam e controlam os acessos à Rada Suprema, à sede do governo e à administração presidencial.

Todos estes edifícios se encontram no chamado bairro governamental, cenário dos recentes distúrbios e protegido até ontem pelas forças de segurança do Estado.

Em Mezhigorie, a guarda da residência, que vigia o acesso junto a vários ativistas do Maidan, disseram que o imóvel, propriedade de uma pessoa próxima ao presidente, poderá ser visitado livremente pelo público.

Dezenas de cidadãos se aproximaram da residência presidencial à espera de que se abra o acesso ao seu interior.

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