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Opositor Leopoldo López se entrega durante marcha na Venezuela

Acusado por Maduro de ser um dos autores intelectuais da onda de violência no país, ele se apresentou às forças de segurança, depois de negociar com o governo

efe

Após terminar seu discurso na marcha organizada em Caracas López apresentou-se à Guarda Nacional do país

Caracas – Acusado pelo presidente Nicolás Maduro de ser um dos autores intelectuais da violência por trás dos protestos da semana passada na Venezuela, o dirigente opositor Leopoldo López se entregou hoje (18). Minutos depois de terminar seu discurso na marcha organizada em Caracas, às 12h20 (13h50, horário de Brasília), López apresentou-se a membros da Guarda Nacional.

Com uma camisa de mangas compridas, López afirmou que se sua entrega servir para “despertar” o povo e para os venezuelanos conseguirem uma mudança, “valerá a pena”. Havia uma ordem de prisão contra o líder opositor.

O dirigente, que conduz uma campanha denominada “A Saída”, que propõe à população ir às ruas para derrubar o governo, é acusado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro de ser o autor intelectual da violência que provocou três mortes nos protestos da quarta-feira (12).

“Hoje eu me apresento a uma Justiça injusta, corrupta, que não julga de acordo com a Constituição e as leis. Mas, no dia de hoje também, me apresento ante vocês com meu mais profundo compromisso de que se o encarceramento vale para o despertar de um povo, para que a Venezuela desperte definitivamente e que a maioria dos que queiramos mudança possamos construí-las em paz e democracia, valerá a pena”, discursou.

Negociada

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que a decisão do dirigente opositor Leopoldo López de se entregar durante a marcha desta terça-feira foi negociada com o governo. Em discurso no final da tarde, após manifestação de trabalhadores petrolíferos que apoiam o chavismo, Maduro explicou que o presidente do poder Legislativo, Diosdado Cabello, teve função central no diálogo com López.

“Chegou-se a um acordo amigável para cumprir a lei e Leopoldo López aceitou entregar-se em paz à Justiça venezuelana”, expressou Maduro, afirmando ter recebido informações de que a ultradireita de Miami e da Venezuela mobilizou “grupos estranhos” para matar o opositor e gerar uma “guerra civil” no país.

Segundo ele, após sua orientação, Cabello passou “três madrugadas” conversando com a família do opositor para chegar a um pacto que estabelecesse o acordo. “Eu sei que o pai e a mãe dele sabem que nós salvamos seu filho”, disse. “Nós terminamos cuidando da vida de Leopoldo López”, expressou.

A fiscal da Promotoria-Geral da República, Luisa Ortega Díaz, afirmou, também por meio da rede social, que nas próximas horas o ministério apresentará o opositor ao tribunal “com a garantia de todos seus direitos”.

Tensão

No discurso de ontem, realizado no Palácio de Miraflores diante de uma multidão de trabalhadores do setor petrolífero, Maduro afirmou que manterá o rumo “da democracia, das transformações pacíficas, legais, constitucionais”. Segundo ele, pessoas envolvidas em atos de violência no país terão que enfrentar a Justiça.

Maduro questionou declarações do presidente colombiano, Juan Manuel Santos, sobre a situação na Venezuela. “Faço votos para que se respeitem e fortaleçam os princípios democráticos. Instamos o governo e a oposição a dialogarem a que se sentem a dialogar sem olhar para trás para que possa haver um mínimo de reconciliação política”, afirmou o dirigente colombiano.

O presidente venezuelano indagou seu par colombiano sobre o que faria se uma marcha em Bogotá fosse convocada por um líder opositor “para tirar o senhor, como presidente”. “Defende o Estado colombiano ou entrega o poder ao insurgente que pretendeu te desconhecer, te tirar?”, perguntou. “O presidente Santos vai vir dar lições de democracia para mim?”, questionou, complementando: “Os venezuelanos resolvemos os problemas dos venezuelanos, já basta”.

Maduro reafirmou que vai manter a chamada ao diálogo nacional, mas para “trabalhar pela paz, não para vir negociar um posto e poder, porque o poder é do povo”. O presidente afirmou ainda que, no último Conselho de Governo, os únicos três governadores ausentes eram os opositores.

Sobre a suposta ingerência norte-americana para o planejamento de um golpe na Venezuela, Maduro pediu respeito ao povo da Venezuela: “Queremos ter relações de diálogo e respeito, em condições de igualdade com o governo dos Estados Unidos, mas parece impossível, porque a prepotência e a arrogância não têm limites”.

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