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Justiça venezuelana ordena captura de líder opositor por envolvimento em atos de violência

Estão sob ordem de captura os acusados Leopoldo López, político do Vontade Popular, Iván Carratú Molina, militar e Fernando Gerbasi, diplomata

EFE

Os atos de violência em protesto registrados ontem (12), em Caracas, deixaram até o momento três mortos e 66 feridos

São Paulo – A justiça venezuelana aceitou pedido do Ministério Público e emitiu ordens de captura contra o líder do partido opositor Vontade Popular, Leopoldo López, e Iván Carratú Molina e Fernando Gerbasi, respectivamente vice-almirante aposentado e ex-diplomata, por suspeita de envolvimento nos atos de violência registrados ontem (12) em Caracas, que deixaram até o momento três mortos e 66 feridos.

Nesta quarta-feira, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que Carratú Molina e Gerbasi são autores intelectuais dos acontecimentos e devem explicações à Justiça.

“No material [uma gravação divulgada nesta semana pela imprensa local] se escuta a voz dessas pessoas. Por isso, a Promotoria Geral [que dirige o MP] emitiu uma ordem de captura e nesses momentos estamos procurando-os para que declarem como sabiam dos mortos de hoje [quarta] na Venezuela”, disse Maduro.

Pouco depois, conforme noticia o jornalEl Universalcitando fontes judiciais, a juíza 6 de Controle de Caracas, Ralenys Tovar Guillén, aceitou petição do MP para deter López e ordenou que o Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) o apreenda em sua casa. Maduro e outros membros do governo já haviam afirmado que López era um dos principais arquitetos dos atos de violência.

Em coletiva de imprensa, López, por sua vez, culpou diretamente Maduro pelos assassinatos. “Os autores da violência, dos mortos, feridos, são aqueles que estão governando e responsabilizamos Maduro (…) Poderão prender todos nós, mas essa onda está crescendo. Saiba, senhor Maduro, seguirá crescendo até atingir seu objetivo”.

Na terça-feira (11), ocanal estatal venezuelano difundiu um áudiono qual supostamente Gerbasi e Carratú Molina revelam uma plano da oposição do país para provocar ações violentas ontem, dia em que opositores e chavistas saíram às ruas em marchas distintas.

Na gravação, diz o governo, Gerbasi informa Carratú Molina – antes ele diz “só liguei pra você” – sobre planos da oposição para amanhã [quarta], similares aos ocorridos em 11 de abril de 2002, em referência aos acontecimentos anteriores ao golpe de Estado contra o falecido presidente Hugo Chávez. “Nada de ir na primeira fila, se mantenha dos lados” teria dito Gerbasi a Carratú.

Gerbasi afirmou ontem, por meio de seu perfil no Twitter, que o áudio é falso. “Estou bem. Essa conversa com Ivan Carratu é falsa, nunca falei com ele. Querem criar matriz de opinião”.

Maduro informou que, assim que sejam capturados, ambos deverão declarar quem é o indivíduo que teria dado a informação. “Devem informar quem lhes disse sobre o 11 de abril e quem os telefonou para alertá-los sobre um derramamento de sangue na Venezuela”, expressou o presidente.

Perfis

Leopoldo López é ex-prefeito do município de Chacao (2000-2008) e foi inabilitado politicamente em 2008 pela justiça do país, por dois casos de suposto mau uso dos recursos: em 1996, na PDVSA, e em 2004, na Prefeitura de Chacao.

O ex-prefeito, que chegou a se apresentar como pré-candidato presidencial para as eleições de outubro de 2012 e finalmente declinou se aliando com Henrique Capriles, levou seu caso à Corte Interamericana de Direitos Humanos, que sentenciou a seu favor em setembro de 2011. No entanto, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) declarou “inexecutável” a sentença e manteve sua inabilitação para exercer cargos públicos até 2014.

Fernando Gerbasi é diplomata, foi ministro das Relações Exteriores da Venezuela e embaixador na Colômbia, Brasil, Itália, Malta e em vários organismos internacionais durante os governos da chamada Quarta República.

Já Mario Ivan Carratú Molina é vice-almirante fora de atividade e foi chefe da Casa Militar durante a última gestão do ex-presidente Carlos Andrés Pérez (1989-1993). Em entrevista dada ano passado, Carratú Molina afirmou que “em 11 de abril [de 2002] não houve golpe militar, mas o desconhecimento da autoridade do presidente Chávez”. Ele não teve participação direta no episódio.

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