conflito na síria

Governo sírio diz que saída de Assad não está na agenda de processo de paz

EFE Makdad afirmou que a delegação negociará “a criação de um órgão de governo transitório”, mas sem a saída de Assad Genebra – A saída do presidente da Síria, Bashar […]

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Makdad afirmou que a delegação negociará “a criação de um órgão de governo transitório”, mas sem a saída de Assad

Genebra – A saída do presidente da Síria, Bashar al Assad, “não está na agenda” do processo de paz que está sendo negociado em Genebra, afirmou hoje (10) o vice-ministro sírio de Relações Exteriores, Faiçal Makdad.

A segunda rodada de negociações de paz para a Síria, iniciada hoje, envolve reuniões bilaterais entre o mediador Lakhdar Brahimi e as delegações que representam o governo e a oposição síria.

O funcionário sírio assegurou que sua delegação está disposta a abordar todos os pontos do “Comunicado de Genebra”, documento base das negociações, “começando a pôr fim à violência para poder avançar em direção a outros pontos, incluindo a criação de um órgão de governo transitório”.

O vice-ministro pediu à oposição que “deixe de perder tempo com este tema” pois a saída de Assad não está incluída de maneira específica no Comunicado de Genebra.

“Estamos prontos para essa discussão (sobre a transição política) e muitos se surpreenderão com as ideias que apresentaremos quando chegarmos a esse ponto”, afirmou Makdad na saída da reunião da delegação governamental com o mediador Lakhdar Brahimi.

Questionado sobre o ataque ao comboio humanitário a Homs, do qual várias fontes acusam o regime, o vice-ministro defendeu que é “uma grande mentira” e acusou os grupos armados opositores dentro da cidade de “impedir os cristãos de sair dela”.

O vice-ministro disse que o Governo sírio fez “um bom trabalho nos dois últimos dias” ao conseguir finalmente que o comboio de ajuda entrasse na cidade sitiada durante mais de um ano e meio e que mais de 600 civis puderam ser evacuados.

“No primeiro dia (sábado) puderam sair 83 pessoas, embora o acordo era que saísse mais gente. Não foi possível cumprir porque os grupos armados não consentiram. Ontem, graças aos esforços do Governo sírio, mais de 600 pessoas tiveram a oportunidade de abandonar a cidade”, asseverou Makdad.

Ajuda humanitária

A oposição síria pediu hoje (10) à Rússia que não vete o projeto de resolução que a França apresentará no Conselho de Segurança da ONU para abrir corredores humanitários na Síria, onde existem cerca de quarenta lugares com população civil que estão sob cerco militar.

“Entendemos que o Conselho de Segurança da ONU vai revisar o caso e tomará uma decisão nos próximos dias. Pedimos à Rússia que não bloqueie o voto porque se fizer isso será parte do regime que está matando seu próprio povo”, declarou o porta-voz opositor Louay Safi.

Após a primeira reunião da oposição com o mediador Lakhdar Brahimi, no início da segunda rodada de negociações de paz com o governo, o porta-voz exigiu que o regime detenha a violência armada no país.

O pedido coincide com novos bombardeios com barris carregados de explosivos por parte das tropas do regime registrados hoje na cidade de Aleppo.

Safi denunciou que 1.800 sírios morreram na semana passada na Síria – metade em Aleppo –como consequência “do aumento do uso dos barris explosivos, que podem destruir um edifício inteiro”.

Em relação aos bombardeios sobre a cidade de Aleppo por parte das tropas do regime, o vice-ministro esclareceu que a “responsabilidade primordial de qualquer Governo é defender sua gente” e que eles “nunca centram seus ataques sobre alvos civis”.

O vice-ministro Faiçal Makdad, que lidera a delegação governamental nas negociações de paz, lamentou o “massacre terrorista” produzido ontem na população alauita de “Ma’an”, onde morreram mais de 40 pessoas por ataques do grupo radical Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL, em sua sigla em inglês).

“Temos que parar o terrorismo porque é a única maneira de criar a atmosfera necessária para as negociações políticas”, disse.

“Não é possível que o governo envie uma delegação para falar supostamente de paz em Genebra, enquanto está matando seu povo. Pedimos à comunidade internacional que faça algo a respeito”, declarou Safi aos jornalistas.

O porta-voz também se referiu ao fracasso da trégua humanitária de três dias declarada em Homs e acusou o governo de ser o único responsável de que isto tenha ocorrido.