Palestina

Peritos russos afirmam que Yasser Arafat não foi envenenado

Após analisarem amostras dos restos mortais do líder palestino, morto em 2004, especialistas de Moscou contestam tese de laboratório suíço, que detectou intoxicação por radioatividade

Arquivo Efe

Manifestantes se concentram em Ramallah dias antes da morte de Arafat

São Paulo – Peritos russos encarregados de analisar amostras do corpo de Yasser Arafat anunciaram hoje (26) que o líder palestino não foi envenenado, como pensavam seus simpatizantes, e concluíram que sua morte nada teve a ver com intoxicação por radioatividade. “Concluímos todas as análises”, disse Vladimir Uiba, chefe da Agência Federal de Análises Médico-Biológicas da Rússia, em entrevista coletiva concedida em Moscou. “Arafat teve morte natural e não por radiação. Concluímos nossa investigação legista e todos estão de acordo com as conclusões.”

O perito russo ressaltou que os analistas dos laboratórios suíços e franceses que também analisaram os restos mortais do líder palestino apoiaram totalmente as conclusões da AFMB. “Mais do que isso, os suíços retiraram sua exagerada declaração inicial e estão de acordo conosco”, continuou. No ano passado, o Instituto de Radiofísica do Hospital Universitário de Lausanne, na Suíça, afirmara que Arafat poderia ter sido envenenado com polônio-210, elemento altamente radioativo, embora não tenha apresentado provas conclusivas. Pesquisas haviam revelado traços da substância em alguns de seus pertences pessoais.

No entanto, os laboratórios russos não encontraram nenhum rastro de polônio nos restos mortais de Arafat, quem perdeu a vida em 2004, num hospital de Paris, na França. De acordo com a Agência Efe, no início de dezembro foi divulgado que a investigação encomendada pela justiça francesa sobre o falecimento de Yasser Arafat excluiu a possibilidade de envenenamento e apontou como causa da morte “uma infecção generalizada”. Fala-se ainda em “falência múltipla dos órgãos”. O líder palestino morreu aos 75 anos.

Agora, a chancelaria russa enviará os resultados para a Autoridade Nacional Palestina. No entanto, a viúva de Arafat, Suha, já não se havia convencido dos resultados e pedira à justiça francesa que confrontasse as investigações realizadas pelos analistas suíços e franceses. Arafat começou a sofrer sintomas de um transtorno gastrointestinal em 12 de outubro de 2004 e, após uma série de complicações que agravaram seu estado, foi levado da Cisjordânia para o hospital militar de Paris, onde morreu em 11 de novembro.

De acordo com a Agência Brasil, o embaixador da Palestina em Moscou, Faed Mustafa, informou que, apesar das conclusões dos peritos russos, as autoridades do país não vão encerrar a investigação sobre a morte de Arafat. “Só posso dizer que já foi decidido continuar”, disse Mustafa. “Respeitamos a posição deles, valorizamos muito o seu trabalho, mas decidimos continuar a trabalhar.”

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