fim do velório

Milhares de sul-africanos não conseguem se despedir de Mandela

Cerca de 100 mil pessoas passaram pela capela do edifício do governo, mas 60 mil ficaram de fora

Siyabulela Duda/Gcis/Handout/efe

Operários trabalham na estrutura onde será sepultado o corpo de Mandela no domingo (15)

Johanesburgo – O funeral de Nelson Mandela terminou hoje (13) em Pretória, às 17h30 (13h30 em Brasília). Após três dias de velório, quando cem mil pessoas passaram pela capela do edifício do governo sul-africano, os restos mortais de Mandela serão transferidos amanhã (14) de avião de Pretória até Qunu, no sudeste do país, onde Mandela cresceu. O corpo será enterrado no domingo (15). Cerca de 60 mil pessoas não conseguiram se despedir do líder. Madiba morreu há uma semana aos 95 anos em sua casa em Johanesburgo, após um longo período doente por causa de problemas respiratórios.

A capela foi fechada por uma hora e meia antes do entardecer, seguindo o desejo da família de que o cortejo fúnebre não viajasse após o pôr-do-sol.

O corpo de Madiba (apelido carinhoso do ex-presidente da África do Sul em referência ao clã do qual fazia parte), passará a noite no Hospital Militar Um de Pretória e será tranferido amanhã à base aérea militar de Waterkloof.

Dali o corpo de Mandela irá para o aeroporto de Mthatha, no Cabo do Leste, às 10h45 (6h45 em Brasília), para chegar a Qnuu às 12h45 (10h45 em Brasília), informou o porta-voz da família Temba Matanzima. Na chegada do corpo ao aeroporto, o clã de Nelson Mandela realizará um ritual para que seus antepassados saibam que ele voltou para casa.

O rei do clã themba, Buyelekhaya Dalindyebo, comandará o grupo de líderes tradicionais que dará as boas-vindas a Madiba, explicou o porta-voz e amigo íntimo da família de Mandela, Bantu Holomisa, à agência oficial de notícias SAnews. “Isso garantirá que Mandela seja enviado ao mundo de seus ancestrais”, acrescentou.

De acordo com a tradição Xhosa, tribo do clã de Mandela, o ritual é necessário para que os seus antepassados saibam que Madiba voltou ao seu lar. Os falantes de Xhosa se dividem em vários grupos, entre eles o clã thembu, do qual Mandela é membro. “O rei, junto aos anciãos da família, os Dlomos, darão as boas-vindas a Madiba”, afirmou Bantu Holomisa.

Durante a cerimônia, Mandela será chamado por seu nome no clã (“Dalibhunga”), que recebeu após passar por um ritual de iniciação aos 16 anos.

Dalindyebo gritará “Aaah! Dalibhunga” três vezes, como forma de saudar a volta a Qunu, lugar onde Mandela cresceu e será enterrado.

O ritual incluirá o sacrifício de um boi antes da chegada do corpo, que será levado de avião da base aérea militar de Waterkloof, em Pretória.

O traslado de Mandela será uma cerimônia que combinará a pompa militar de um funeral de Estado com os rituais tradicionais dos Xhosa.

No dia seguinte ao funeral, a família de Mandela realizará uma cerimônia de purificação em que sacrificarão uma ovelha.

Uma semana depois, será realizada uma cerimônia chamada “ukuhlanjwa kwepeki” (que significa lavar o equipamento utilizado para cavar os túmulos), prática comum na cultura Xhosa.