Argentina

Cristina Kirchner descarta ser candidata novamente em 2015

Pela primeira vez, presidenta afasta publicamente possibilidade de alteração constitucional para poder disputar terceiro mandato. Senado e Câmara não são cogitados

Casa Rosada

Capitanich despontou rapidamente como o principal articulador do governo e agora é cotado para o pós-Cristina

São Paulo – A presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, afastou hoje (26) qualquer possibilidade de buscar um terceiro mandato consecutivo em 2015. “Não há nenhuma possibilidade de ‘Cristina 2015’ para nenhum cargo eletivo”, afirmou à agência pública Télam, na primeira negativa pública da candidatura aventada por aliados.

A afirmação foi feita depois de o deputado federal Carlos Kunkel ter dito ontem que Cristina seguiria na disputa política em 2015. “O que acontece é que Carlos me quer muito bem”, brincou a presidenta.

Inicialmente projetava-se a possibilidade de uma reforma constitucional para que ela pudesse disputar uma nova reeleição, mas este horizonte ficou mais turvo no segundo mandato devido à perda de popularidade e ao consequente desgaste da imagem pessoal de Cristina. As eleições legislativas de meio de mandato, realizadas este ano, também serviram como recado. Embora a política argentina seja altamente volátil, o resultado mostrou certa perda de fôlego da Frente para a Vitória, a coalizão encabeçada pelo Partido Justicialista (também conhecido como Peronista) que há quase onze anos comanda a Casa Rosada.

Chegou-se também a especular que Cristina poderia sair candidata ao Legislativo. Mas, em 2015, nem a província de Buenos Aires, berço político da presidenta, nem a de Santa Cruz, domicílio eleitoral dos Kirchner, têm disputa ao Senado. A outra possibilidade seria disputar um assento entre os deputados, frente hoje descartada por Cristina.

No próximo ano o Partido Justicialista realiza importantes eleições internas que podem acabar definindo o jogo de forças em 2015.

Em relação à sucessão, até agora não surgiu dentro do governo um nome de consenso para encerrar o ciclo kirchnerista à frente da Casa Rosada. Inicialmente, o governador de Buenos Aires, Daniel Scioli, era considerado um bom nome, mas seu movimento de tornar pública a intenção de candidatura em 2015 não foi bem aceito por Cristina. Após algum tempo, ele e a presidenta deixaram de se criticar publicamente, e há a possibilidade de que Scioli consiga apoio interno para ser o candidato do PJ à presidência.

Uma alternativa que ganha força é a do novo chefe de gabinete de Cristina, Jorge Capitanich, ex-governador do Chaco. Ele nega esta possibilidade, mas a forte exposição que tem tido à frente do cargo parece indicar o contrário. Desde que assumiu o cargo, em novembro, é ele quem se reúne com empresários, quem dialoga com o agronegócio e quem articula ações políticas com Congresso e governadores.

Com Cristina ainda se recuperando da cirurgia a que se submeteu para a retirada de um coágulo, é Capitanich quem tem mais exposição midiática.

Ele garante que não almeja a presidência, desmentido que não vale muito na política argentina. Em novembro Capitanich negou a possibilidade de deixar o comando da província para ser chefe de gabinete da Casa Rosada. Dias depois, fez o contrário.

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