em alerta

A seis dias de eleições municipais, novo apagão atinge vários estados venezuelanos

Presidente Nicolás Maduro colocou Forças Armadas e indústria petrolífera 'em emergência'

EFE

A capacidade do sistema elétrico venezuelano foi elevada e “não há razões” para o apagão, diz Maduro

Caracas – Um ato liderado pelo presidente Nicolás Maduro era transmitido ao vivo pela televisão estatal da Venezuela na noite de ontem (2), quando um apagão deixou Caracas, assim como pelo menos dez estados do país, em especial o centro-oeste, às escuras. A falha elétrica se deu pouco depois das 20h [22h30, no Brasil]. Para o governo, que já denunciava planos opositores para provocar um apagão com o objetivo de impedir a realização das eleições municipais do próximo domingo (8), o corte de luz foi “provocado”.

Com ruas e edifícios sem luz, panelaços foram escutados em regiões nobres da capital venezuelana. Em Los Dos Caminos, na zona leste, vizinhos faziam soar seus utensílios de cozinha enquanto gritavam “isso, votem no Maduro”, “temos pátria, mas não temos luz”, além de xingamentos ao chefe de Estado. Neste local, a luz voltou cerca de 40 minutos após o corte, e gritos de comemoração foram escutados.

“Estou em [Palácio de] Miraflores [sede presidencial venezuelana] com minha equipe, acompanhando o estranho apagão que se iniciou no mesmo lugar da última sabotagem. Peço ao povo para estar alerta…”, escreveu Maduro em seu Twitter durante o apagão. O presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, por sua vez, disse que a falha tinha “cheiro de sabotagem”.

Após o restabelecimento da luz em cerca de 85% da capital e parcialmente nos demais estados, Maduro voltou a discursar e afirmou que colocou as Forças Armadas e a indústria petrolífera “em emergência”. “Temos informações de que vão haver novos ataques”, garantiu ele, que desde novembro denuncia que a oposição planejava provocar um apagão para que as eleições municipais previstas para este domingo (8) não sejam realizadas.

Segundo Maduro, a capacidade do sistema elétrico venezuelano foi elevada em quase 2 mil megawatts de geração em oito meses e “não há razões” para o apagão, já que este não ocorreu em horário de pico. “Bonita maneira de celebrar o [dia] 2 de dezembro, tirando a luz dos venezuelanos”, disse o presidente venezuelano, em referência aos 11 anos do início de um lockout promovido pela oposição e pelo setor empresarial para derrubar o falecido presidente Hugo Chávez.

O ministro de Energia Elétrica, Jesse Chacón, confirmou a versão dois governantes anunciando  que a falha registrada na noite de segunda foi “provocada”. Segundo ele, na primeira avaliação, identificou-se um condutor foi solto disparando “a coluna vertebral do sistema, e foi o que trouxe como consequência todo o [serviço elétrico do] centro-oeste” do país.

Em setembro, mais da metade dos estados venezuelanos ficaram sem energia devido à soltura de uma malha em uma torre do sistema elétrico. Na ocasião, o governo também falou em sabotagem e disse ter “sérios indícios” de que houve uma atividade dirigida para a retirada dos sustentadores da malha.

Por meio de seu perfil no Twitter, Henrique Capriles, governador do estado de Miranda e líder opositor, classificou as declarações do governo como “patéticas”, e intimou: “Alguma vez em sua vida sejam responsáveis!”. A fiscal-geral do Ministério Público venezuelano, Luisa Ortega Díaz, já anunciou a designação de um responsável para investigar as causas do apagão.

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