istambul

Justiça turca condena seis jornalistas à prisão perpétua por terrorismo

Outras duas pessoas também receberam a condenação por suporta militância em movimento considerado terrorista

Istambul – Um tribunal da capital turca anunciou hoje (5) a condenação à prisão perpétua de oito pessoas, entre elas seis jornalistas, pela suposta militância em um movimento comunista considerado “terrorista”, informou o jornal Evrensel em sua edição online.

No total, além das oito pessoas condenadas à prisão perpétua, o tribunal em questão condenou 18 pessoas com penas de dez a 13 anos de prisão, todas pela suposta militância no Partido Comunista Marxista Leninista (MLKP), um movimento da extrema-esquerda turca.

Entre os jornalistas condenados, estão vários redatores da revista Atilim, de orientação esquerdista.

O MLKP é uma organização ilegal e considerada terrorista na Turquia. Apesar de seus estatutos citar a luta armada como método político, a atividade violenta do partido se reduz a lutas populares.

As pessoas sentenciadas hoje foram detidas durante uma batida realizada no ano 2006, sendo que nove dos acusados passaram a cumprir prisão preventiva desde então.

A condenação em questão vem à tona no mesmo dia em que a União Europeia (UE) e a Turquia retomaram as negociações de adesão com um capitulo da política regional.

No entanto, os capítulos mais polêmicos, ainda não abertos, são os de Justiça e de Direitos Humanos.

Após o anúncio de condenação dos seis jornalistas, a União dos Jornalistas da Turquia (TGS) realizou uma manifestação contra a repressão da imprensa sob um lema bem específico: “Somos jornalistas, não somos terroristas”.

Com as seis condenações de hoje, 62 jornalistas se encontram presos na Turquia, muitos deles à espera de julgamento, mas mais de 10 mil enfrentam diversas acusações, declarou hoje (5) à Efe o presidente da TGS, Ercan Ipekçi.

A acusação de terrorismo é utilizada com enorme frequência sobre os jornalistas que costumam informar sobre o conflito curdo, tendo em vista que publicar uma entrevista com um militante curdo ou citar um manifesto é considerado como uma prova de militância no Partido de Trabalhadores de Curdistão (PKK), também considerado terrorista na Turquia.