Pacto

Impulsor de acordo em 2010, Brasil elogia consenso entre Irã e potências

Ministério das Relações Exteriores ressaltou em nota que 'não há alternativa a uma solução negociada para a questão nuclear iraniana'

EFE/STR

Apoiadores do presidente iraniano seguram retratos dele no Aeroporto em Teerã enquanto esperam negociações

São Paulo – O governo brasileiro saudou neste domingo (24/11), por meio de nota, acordo sobre o programa nuclear iraniano. O Irã e o P5+1 (Alemanha, China, Estados Unidos, França e Rússia, facilitados pela União Europeia), grupo das seis potências mundiais, que negociavam desde a última quarta-feira um acordo nuclear em Genebra, chegaram a um consenso sobre a redução do programa iraniano em troca de alívio nas sanções limitadas.

No comunicado, emitido pelo MRE (Ministério das Relações Exteriores), Brasília “faz votos de que a implementação” do acordo, criticado por Israel, “fomente a confiança necessária para a consecução de acordo abrangente e duradouro”. Em 2010, Brasil e Turquia fecharam um acordo com o Irã para que o urânio iraniano levemente enriquecido fosse enviado ao território turco e, em troca, o país receberia o produto enriquecido a 20%.

No entanto, poucas horas depois do anúncio, os Estados Unidos desautorizaram a iniciativa, preferindo adotar sanções contra o governo de Teerã. Neste sávbado (23/11), o presidente norte-americano, Barack Obama, declarou que o acordo era um “importante primeiro passo”. “Há limitações substanciais que irão prevenir o Irã de construir armas nucleares”, disse o presidente logo após a chegada a um consenso.

Leia a nota completa do governo brasileiro:

O Governo brasileiro tomou conhecimento, com satisfação, do entendimento alcançado na madrugada de hoje, em Genebra, por negociadores do Irã e do grupo P5+1 (Alemanha, China, Estados Unidos, França e Rússia, facilitados pela União Europeia) sobre o programa nuclear iraniano.

Ao reafirmar que não há alternativa a uma solução negociada para a questão, o Governo brasileiro faz votos de que a implementação do entendimento, ao longo dos próximos seis meses, fomente a confiança necessária para a consecução de acordo abrangente e duradouro em torno da matéria.

Repercussão internacional

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) considerou o acordo como “um importante passo adiante” e se declarou pronta para verificar seu cumprimento, disse o diretor desta agência da ONU, Yukiya Amano. Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que o que se decidiu em Genebra “poderia se transformar no início de um acordo histórico” no Oriente Médio e pediu aos países interessados que façam todo o possível para “criar confiança mútua e continuar as negociações para estender o alcance deste acordo inicial”.

De Bruxelas o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, qualificou o pacto como um “passo decisivo para a segurança global e a estabilidade”, e o chefe do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, disse que “reduzirá tensões políticas e ajudará a construir confiança e apoio à promoção da não-proliferação de armas de destruição em massa”. “É um passo importante tanto para o Irã como para o resto da comunidade internacional, em oferecer garantias que demonstrem a natureza pacífica do programa nuclear iraniano. Resolver esta questão de maneira efetiva terá efeitos significativos em nível regional e global”, indicou.

O líder russo, Vladimir Putin, aplaudiu este “passo decisivo” para “se aproximar da solução de um dos problemas mais complexos da política mundial”, mas advertiu que é “só o primeiro de um longo e complexo caminho”. O Kremlin assinalou que o acordo representa um “ganho para todos”, mostra que “prevaleceu o bom senso” e ajudará a “superar a perigosa tendência dos últimos anos, quando se tentou resolver pela força situações conflituosas e de crise no Oriente Médio”.

O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, afirmou que o acordo selado em Genebra deixa o Irã “mais longe de obter armas nucleares” e “demonstra como podem ser persistentes a diplomacia e as duras sanções que nos permitem avançar em nossos interesses nacionais”. “O bom avanço sobre o Irã está longe do final, mas é uma amostra que a pressão funciona. Continuaremos aplicando as sanções com firmeza para conseguir um acordo final e completo que responda as preocupações da comunidade internacional”, disse.

O chefe da diplomacia britânica, William Hague, destacou que o acordo “demonstra que é possível trabalhar com o Irã” e acrescentou que agora começa “o duro trabalho de aplicar e construir o acordo”. “O acordo com o Irã é bom para o mundo inteiro, incluídos os países do Oriente Médio e os próprios habitantes do Irã”, reforçou Hague, mas admitiu as “preocupações legítimas” de Israel, pois o “Irã tem um histórico de não revelar a verdade sobre seu programa nuclear ao resto do mundo”.

Para o presidente francês, François Hollande, o estipulado em Genebra é um “passo importante na boa direção” que “respeita as exigências levantadas pela França”, enquanto para o alemão, Guido Westerwelle, “marca um ponto de inflexão” e representa um “avanço decisivo” em direção ao objetivo comum de “impedir o armamento atômico iraniano”.

O Egito qualificou de “satisfatório” o acordo e expressou sua confiança de que se alcance um pacto “permanente”. A Síria felicitou os iranianos por esta “conquista histórica que reafirma o importante papel do Irã na segurança e na estabilidade da região”. Já a Autoridade Nacional Palestina ressaltou que os resultados de Genebra transmitem a Israel a mensagem de que “a paz no Oriente Médio é inevitável” e contribuem para que a região seja livre de armas nucleares.

* Com informações da Agência Efe

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