Boletim médico diz que cirurgia de Cristina Kirchner foi bem-sucedida

Argentina

David Fernández/EFE

Simpatizantes de Cristina fazem vigília em frente à Fundação Favaloro Hospital Universitário

São Paulo – A cirurgia da presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, transcorreu bem e sem complicações, de acordo com o boletim médico divulgado no começo da tarde de hoje (8) pela Fundação Favaloro, onde ela foi operada. A dirigente foi diagnosticada com um coágulo subdural crônico (quando há acúmulo de sangue próximo à meninge dura-máter, que fica entre o crânio e o cérebro), consequência de uma queda que teria sofrido em agosto. O coágulo, segundo a Favaloro, foi drenado.

Antes da cirurgia, informa o boletim, “foram descartados riscos cardiovasculares por meio de distintos exames complementares”. “A paciente evolui favoravelmente, permanecendo internada na Unidade de Cuidados Intensivos.” “A operação ocorreu muito bem”, afirmou aos jornalistas o porta-voz do governo, Alfredo Scoccimarro, que foi quem apresentou o boletim. “Ela está de muito bom humor”, disse, sob gritos de apoiadores da presidente em frente ao hospital.

Um novo parecer sobre a evolução do quadro clínico de Cristina deve ser apresentado somente nesta quarta-feira (9). Simpatizantes de Cristina Kirchner passaram a noite em frente à Fundação Favaloro Hospital Universitário, em Buenos Aires. Dezenas de pessoas fizeram vigília, com orações e cartazes de apoio à presidenta. “Ela [Cristina Kirchner] é como uma mãe [para mim]. É o que eu sinto”, disse o partidário Néstor Díaz em entrevista à Agência Pública argentina.

No domingo à noite (6), de repouso na residência oficial de Olivos, a presidente se sentiu mal, com sintomas típicos de problemas cardíacos – tontura e formigamento no braço. Mais tarde, já no hospital, os médicos verificaram que ela estava perdendo força nos membros superiores – sintoma da compressão cerebral. Ontem (7), ela deu entrada no hospital, confirmando o diagnóstico de hematoma na parte exterior do cérebro.

Os presidentes Dilma Rousseff, Juan Manuel Santos (Colômbia) e Nicolás Maduro (Venezuela) enviaram ontem (07) mensagens de apoio à líder argentina. Os presidentes Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e José Mujica (Uruguai) desejaram hoje (08) boa recuperação para Kirchner.

Segundo informações da imprensa argentina, a decisão por uma intervenção cirúrgica indica que o quadro de saúde da presidente, 60 anos, pode ser mais grave do apresentado inicialmente. No entanto, médicos e especialistas classificam como “normal” o procedimento. “O que afeta a presidente é uma das coisas mais comuns com pessoas que sofrem um trauma na cabeça. Ocorre regularmente após um acidente”, afirma Anders Cohen, chefe de Neurocirurgia do Brooklyn Hospital Center de Nova York em entrevista à AFP.

Cristina ficará no mínimo 30 dias afastada do cargo. Ontem, Amado Boudou já tinha assumido formalmente a presidência da Argentina, mediante assinatura de ata junto a um escrivão público.

A cirurgia da presidenta e o período de repouso, recomendado pelos médicos, coincidem com a reta final da campanha para as eleições para renovar metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado.

Atualmente, Cristina – que está na metade do segundo mandato – conta com a maioria no Congresso. Nas primárias, em agosto, o kirchnerismo sofreu a pior derrota em dez anos – desde que Nestor Kirchner foi eleito presidente em 2003 e foi sucedido por sua mulher Cristina Kirchner, reeleita em 2011.

O kirchnerismo não tem candidato às eleições presidenciais de 2015. Néstor Kirchner morreu em 2010 e Cristina só tem direito a dois mandatos consecutivos. Por isso, as eleições legislativas são observadas, pelos analistas políticos, como a oportunidade para construir alianças políticas e testar as possibilidades de eventuais candidatos à Presidência da República da Argentina.

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