Sob ameaça

Síria pede à ONU que não permita ‘qualquer agressão’ ao seu território

Liga Árabe informou que não se opõe a ataque, desde que seja autorizado pelas Nações Unidas

Anatoly Maltsev/EFE

Na Rússia, cujo governo se opõe à tentativa de ataque, população protestou hoje contra EUA

São Paulo – A Síria pediu hoje (2) à ONU que impeça “qualquer agressão” ao seu território. De acordo com a imprensa europeia, Damasco pede que o Conselho de Segurança “mantenha seu papel e garanta a segurança para que não aconteça o uso absurdo da força fora das regras de legitimidade internacional”.

O governo sírio enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e à presidenta do Conselho de Segurança, a argentina Maria Cristina Perceval, pedindo também que se alcance uma “solução política” para o conflito. “As atividades desses grupos (grupos ocidentais que pretendem uma intervenção na Síria) coincidem com uma campanha política, diplomática e midiática feita por alguns países que são diretamente responsáveis pelo derramamento de sangue na Síria e impedem uma solução pacífica”, diz a carta.

Por sua vez, o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al Araby, mostrou-se favorável a uma intervenção na Síria com aval da ONU e descartou que existam divisões entre os países árabes em relação à última resolução sobre o conflito sírio. “O que pedimos é que a intervenção seja com aval das Nações Unidas”, assegurou Araby em entrevista coletiva na manhã de hoje. Araby também destacou que a resolução emitida ontem após a cúpula de ministros das Relações Exteriores dos países da Liga Árabe só contou com a rejeição do Líbano.

Segundo informações da Agência Efe, os chefes da diplomacia dos países árabes não fizeram ontem alusão à intervenção militar reivindicada pelos EUA, apesar de pedirem à ONU e à comunidade internacional que assumam suas responsabilidades para “tomar as medidas dissuasórias necessárias” contra os autores do suposto ataque químico do dia 21 de agosto perto de Damasco.

“Qualquer ato para enfrentar ou castigar o regime sírio deve ocorrer no marco dos acordos da ONU, sobretudo porque os tratados de Genebra e das Nações Unidas criminalizam o uso de armas químicas nos conflitos armados”, disse Araby.

Washington divulgou na última sexta-feira (30/08) um relatório da inteligência afirmando que 1429 pessoas – incluindo 426 crianças – morreram no ataque com armas químicas realizado na Síria no dia 21 de agosto. Segundo o secretário de Estado, John Kerry, há provas “claras e convincentes” de que a ação foi realizada pelo governo de Bashar al Assad. “Afirmamos com alta confiança que o governo sírio realizou o ataque com armas químicas contra elementos da oposição nos subúrbios de Damasco em 21 de agosto”, afirma o relatório divulgado hoje pela Casa Branca.

De acordo com Kerry, as evidências de que Assad realizou o ataque são “esmagadoras”. Ele afirmou ainda que a inteligência dos EUA pode dizer de onde e para onde os mísseis foram lançados e que um aviso foi passado aos soldados para que saíssem às ruas com máscaras de gás e se preparassem para um ataque químico.

Washington agora espera pelo aval do Congresso para começar uma nova intervenção no Oriente Médio.

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