Síria

Obama tentará solução diplomática, mas avisa que está pronto para a guerra

Em pronunciamento à nação, presidente dos EUA afirma que ataque com gases venenosos foi realizado por Assad e que, antes de atacar, dará tempo para que regime entregue arsenal químico

Agência Efe

O Prêmio Nobel da Paz tem certeza que foi Assad quem usou armas químicas, mas a ONU não

São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou na noite de ontem (10), em pronunciamento à nação, que Washington está pronto para atacar a Síria, mas que adiará qualquer ação militar enquanto busca, juntamente com a Rússia, uma solução diplomática para o conflito no país árabe. Moscou propõe que o presidente sírio entregue suas armas químicas às potências ocidentais, evitando assim uma intervenção militar.

“Pedi aos congressistas que posterguem a votação sobre a autorização do uso da força enquanto levamos a cabo essa alternativa diplomática”, revelou o Prêmio Nobel da Paz. “Enquanto isso, ordenei nossas forças armadas a manter sua preparação para continuar com a pressão sobre Assad e estar preparado para o caso da solução diplomática falhar.”

Obama afirmou que ainda é muito cedo para dizer se o plano russo terá êxito. “Qualquer acordo deve certificar-se de que o regime de Bashar al Assad mantenha seus compromissos. Mas essa iniciativa tem o potencial de remover a ameaça de armas químicas sem o uso da força”, disse, “particularmente porque a Rússia é um dos maiores de Assad.”

“O que aconteceu com essas pessoas, essas crianças, não é apenas uma violação das leis internacionais, mas também um perigo para nossa segurança”, disse, explicando que o uso irrestrito de gás sarin e outras bombas venenosas fará com que sua produção cresça exponencialmente e que essa oferta de armas químicas fatalmente fará com que os artefatos caiam nas mãos de terroristas. “Está no interesse da segurança nacional dos Estados Unidos responder ao uso de armas químicas. Queremos deixar claro ao mundo que não toleraremos isso.”

Leia também:

“Nós não podemos resolver a guerra civil alheia pela força. Mas a situação na Síria mudou depois que o governo sírio fez um ataque químico, matando mais de mil pessoas. Os Estados Unidos encorajarão inimigos se não fizer nada sobre Síria”, disse Obama, para quem não há dúvidas de que os ataques com gás sarin nos arredores de Damasco foram perpetrados por Assad – os inspetores da ONU ainda não se pronunciaram nesse sentido. “Em que mundo nós viveríamos se os Estados Unidos deixassem que um ditador usasse esse veneno?”, continuou. “É isso que faz os Estados Unidos diferentes, excepcionais. Com humildade e determinação, sem perder o foco da verdade.”

Atrocidades

As forças governamentais e os grupos opositores radicalizados pela infiltração de combatentes estrangeiros seguem praticando crimes de guerra na Síria, inclusive “violência sexual”, afirmou um detalhado relatório divulgado hoje (11) por uma comissão investigadora da Nações Unidas liderada pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro.

“As forças governamentais e anti-governo seguem realizando amplos ataques contra a população civil, perpetrando assassinatos, torturas, estupros e desaparições forçadas consideradas crimes contra a humanidade”, afirmam os autores do relatório. A comissão apresentou em seu documento uma recopilação de evidências sobre os crimes mais graves ocorridos entre 15 de maio e 15 de julho no contexto do conflito armado sírio.

O conteúdo do relatório, junto com uma atualização dos fatos mais recentes, será apresentado pela comissão na próxima segunda-feira (16) no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra. O documento volta a acusar as forças do governo de Bashar al Assad de um grande número de “violações dos direitos humanos e de crimes de guerra”, como torturas, sequestros, assassinatos, execuções sem processo judicial e ataques contra hospitais ou escolas, que deveriam estar protegidos de atos violentos.

Crimes

As forças antigovernamentais também são acusadas de crimes de guerra similares, assim como de ter sitiado e bombardeado de maneira indiscriminada bairros civis. O dossiê também faz referência a grupos armados curdos, que operam no norte da Síria e são acusados de recrutar e utilizar menores, a partir de 14 anos, como soldados.

O relatório, o sétimo que a comissão apresenta desde sua criação, coincide com os preparativos para uma reunião de último minuto que ocorrerá amanhã (12) em Genebra, na Suíça, entre os chefes da diplomacia da Rússia e Estados Unidos. O ministro russo das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, e o secretário de Estado americano, John Kerry, tentarão chegar a um acordo sobre a proposta de Moscou de pôr sob controle internacional as armas químicas do regime sírio.

Os membros da comissão afirmaram que o fracasso de uma solução política ao conflito não só levou a “uma maior intransigência” das partes que se enfrentam na Síria, mas também a um agravamento da situação, “com novos atos e crimes antes inimagináveis”. “Optar por uma ação militar na Síria intensificará o sofrimento dos civis dentro do país e servirá para que uma solução fique fora de alcance”, acrescentaram. Entre os crimes relatados, o texto afirmou que “a violência sexual” tem um papel predominante nesta guerra e que “ocorre em batidas, postos de controle, centros de detenção e prisões em todo o país”.

Com informações da Efe

Leia também

Últimas notícias