EUA

Dilma afirma que não negocia soberania e reitera cobrança por regras na internet

Antes de deixar Nova York, presidenta volta a dizer que ONU precisa debater regras para evitar que 'nova guerra' se dê no mundo virtual e que internet precisa ser aberta e segura para todos

Roberto Stuckert Filho/Planalto

Para Dilma, antes de debater qualquer questão com o Brasil, os Estados Unidos devem pedir desculpas

São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (24) a jornalistas que não negocia a soberania do Brasil, ao comentar em Nova York os debates na Assembleia Geral das Nações Unidas em torno da espionagem promovida pelos Estados Unidos contra governos, empresas e cidadãos.

“Todo o processo que levou e desencadeou isso, do qual nós não temos a menor responsabilidade, ele implica, necessariamente, numa atitude do país, porque não se transige, nenhum governo pode transigir nem com os direitos civis e com a privacidade de sua população, nem tampouco pode negociar sua soberania”, disse, durante entrevista coletiva dada pouco antes de embarcar para o Brasil.

Na véspera, ao abrir os trabalhos da Assembleia Geral, Dilma cobrou uma regulação global e compartilhada da internet, em que nenhum país tenha o controle total sobre o tráfego de dados globais. O tema entrou na pauta de discussões brasileiras depois que o programa Fantástico, da Rede Globo, mostrou que ela e a Petrobras tiveram dados espionados pelos Estados Unidos. A denúncia levou ao cancelamento da viagem que a presidenta faria em outubro a Barack Obama na Casa Branca.

Dilma disse que continua a entender que a resposta adequada pelo governo norte-americano é um pedido de desculpas pelo que ocorreu. “Segundo, para tratar do futuro, uma clara determinação de não acontecer”, acrescentou, afirmando que a parceria estratégica entre as duas nações não deixa dúvidas sobre a necessidade de que Obama avance em suas explicações. O presidente prometeu cuidar pessoalmente do assunto, mas advertiu que mudanças concretas podem ser uma questão de meses e não abriu mão do discurso de que o esquema montado pela agência de segurança é necessário.

“No que se refere à espionagem, eu destacaria fundamentalmente nosso compromisso com uma internet aberta, universal. Uma internet que defenda o direito das pessoas de se expressar e ao mesmo tempo não permita o uso para quaisquer outros fins que transforme eventualmente o mundo cibernético num novo campo de batalha”, afirmou Dilma.

Parte das sugestões levadas à ONU foram colhidas com integrantes do Comitê Gestor da Internet, entidade que tem a participação de cidadãos, governo e empresas. A reunião no Palácio do Planalto, prévia à viagem a Nova York, serviu também para debater o marco civil da internet. O projeto em tramitação na Câmara, alvo de pressão das corporações de telecomunicações, é entendido por Dilma como a principal resposta no âmbito local à espionagem.

“Obviamente nos basearemos muito nessa proposta para apresentar propostas internacionais. Nós não estamos pedindo a interferência da ONU. Ou seja, não estamos dizendo: ONU, controle a internet. Não concordamos com esse tipo de controle para a internet. Estamos dizendo: ONU, preserve a segurança, não deixe que a nova guerra se dê dentro do mundo cibernético, com hackers e tudo. É isso.”

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