Tensão

China e papa pedem calma aos EUA em relação à Síria

Francisco solicita aos líderes do G20 que avaliem questão durante encontro de hoje na Rússia. Número de refugiados sírios na Turquia já passa de meio milhão

EFE – Alessandro di Meo

Papa Francisco pede que as grandes potências não atuem com indiferença em relação à Síria

São Paulo – O governo da China e o papa Francisco voltaram a cobrar calma dos Estados Unidos na solução da questão síria. Ambos advertiram que uma ação militar contra o país do Oriente Médio poderia levar a um desfecho dramático do ponto de vista social e econômico, em meio ao primeiro sinal verde do Congresso norte-americano aos planos de ataque do presidente Barack Obama.

Do lado da China, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Hong Lei, cobrou que os Estados Unidos se “contenham” para evitar uma violação da “lei internacional e das normas básicas das relações internacionais”. “Uma ação militar unilateral poderia complicar mais a situação, assim como a instabilidade da região”, disse, acrescentando que se deve esperar que o grupo de inspetores das Nações Unidas emita um relatório final sobre o uso ou não de armas químicas pelo governo de Bashar Al-Assad, pretexto para que Obama empreenda o ataque com base no argumento de que está em risco a segurança internacional.

O Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA aprovou ontem uma resolução que autoriza um ataque militar na Síria, enquanto o presidente Barack Obama procura apoio internacional para punir o regime pelo suposto uso de armas químicas, o que tentará fazer durante a cúpula do G20, que começa hoje em São Petersburgo, na Rússia, país comandado por Vladimir Putin, que se opõe ao ataque.

Em carta encaminhada a Putin, o papa Francisco pediu aos chefes de Estado das maiores economias do mundo que atuem com cuidado. “Aos líderes dos Estados membros do G20 peço que não fiquem indiferentes ante o drama que se vive há tanto tempo na querida população síria”, disse o líder da Igreja Católica, que fez ainda um chamado para que estes países “ajudem a encontrar caminhos para superar os diferentes enfrentamentos e abandonem qualquer pretensão de uma solução militar”.

Sem citar os Estados Unidos, o papa diz que é preciso reflexão sobre o momento. “Infelizmente, dói constatar que muitos interesses prevaleceram desde que começou o conflito na Síria, impedindo se encontrar uma solução que evitasse o inútil massacre que estamos assistindo”, acrescentou.

Ao mesmo tempo, o Vaticano negou hoje que Francisco tenha conversado por telefone com Al-Assad, como divulgado por meios de comunicação da Argentina, país de origem do religioso.

Enquanto isso, o número de refugiados sírios na Turquia já supera o meio milhão, segundo estimativas do Ministério das Relações Exteriores turco. Os números foram divulgados pelo órgão em várias mensagens na rede Twitter e acrescentam que os 20 campos de refugiados, estabelecidos pelas autoridades turcas em dez províncias no sul do país, acolhem atualmente 200 mil refugiados sírios.Este número variou muito pouco desde abril passado, quando superou os 190 mil refugiados, segundo os dados divulgados regularmente pelo Departamento de Emergências turco, o organismo público que coordena os acampamentos. A Turquia não outorgou status oficial de refugiados a estas pessoas, mas os define como “convidados”, e lhes proporciona teto, comida, atendimento de saúde e educação.

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