Grupo ‘nacionalista’ que agrediu participantes do Foro de SP trazia canivete e rojão

São Paulo

São Paulo – A Polícia Militar colocou à disposição do Opera Mundi na manhã de hoje (1º) o boletim de ocorrência da agressão sofrida por participantes do Foro de São Paulo na noite de ontem (31). De acordo com o documento, que explica o ataque ocorrido em um restaurante no centro da capital paulista, um rojão e um canivete foram aprendidos.

Marco Boncompanho Crisostomo Lieb, publicitário de 30 anos, e R.M, menor de idade e portador do rojão e do canivete, foram detidos sob acusação de agredir Ismael Cardoso, 27, e Renan Moreira, 26, após discussão na rua Martins Fontes, onde ocorre o evento organizado por mais de cem partidos políticos de esquerda. Após prestar depoimento no 78° DP, Marco Lieb, que nega as acusações, foi liberado. A PM alega não ter  “provas suficientes para a formação de qualquer juízo de valor”. Já R.M. só foi liberado após o pai comparecer à delegacia de polícia por volta das 23h.

Segundo a PM, ambos fazem parte de “um grupo de mesma ideologia e cunho nacionalista”. Eles vestiam preto e estavam com outros manifestantes que atacaram membros do Foro de SP. Opera Mundi tentou falar com os acusados, mas não conseguiu resposta.

Segundo Zenaide Lustosa (PT-PI), que estava no restaurante no momento do ataque, o grupo de manifestantes chegou gritando palavras de ordem contra o evento e carregava uma faixa com os dizeres “intervenção militar já”.

“Eu não consigo nem descrever ao certo o que aconteceu, de tão assustador que isso foi. A gente estava sentado conversando quando eles chegaram e começaram a nos ofender. Alguns participantes do Foro de SP responderam às ofensas. Foi nesse momento que eles nos atacaram. Saí correndo e não vi o que aconteceu depois”, disse Zenaide a Opera Mundi, que revelou que um dos participantes acabou se ferindo na boca após tentar fugir dos agressores.

Segundo testemunhas que estavam no local, os manifestantes bradavam contra a realização do Foro de São Paulo e os movimentos de esquerda da América Latina. Organizadores do evento afirmaram que a PM desconfiava da participação de grupos skinhead no ato violento.

A maior parte dos agredidos participa do V Encontro de Juventudes do Foro, de acordo com explicação de Valter Pomar, secretário-executivo da organização de esquerda. “É a confirmação da campanha que vimos nos últimos dias por atos agressivos contra o Foro de São Paulo”, afirmou. Em junho, uma página foi criada no Facebook com o objetivo de “organizar ações contra o Foro de São Paulo”.

O evento, iniciado oficialmente na quarta-feira e que reúne dezenas de partidos de esquerda, vai até o próximo domingo (4). Estão previstas as presenças de Luiz Inácio Lula da Silva (na sexta-feira), Nicolás Maduro (sábado) e Evo Morales (domingo).