América do Sul

Evo Morales pede que senador seja ‘devolvido’ pelo Brasil à Bolívia

Presidente boliviano diz que Roger Molina é 'criminoso' e deve responder à Justiça

José Lirauze/ABI

Para o líder, mandar o parlamentar de volta é a melhor contribuição do Brasil contra a corrupção

São Paulo – No primeiro pronunciamento sobre a fuga do senador boliviano Roger Pinto Molina para o Brasil, o presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu hoje (28) ao governo brasileiro uma resposta oficial sobre o caso. Além disso, afirmou que, no quadro dos compromissos bilaterais para combater a corrupção, o Brasil deveria “devolver” o político boliviano, para que este responda à Justiça do país.

“O que compete ao Brasil é devolver Roger Molina para que se submeta à Justiça boliviana. Seria a melhor forma de contribuir para a luta contra a corrupção”, afirmou Morales durante entrevista coletiva. O presidente também reiterou o mal que a fuga de Molina de La Paz para Brasília, realizada no último final de semana com colaboração do diplomata brasileiro Eduardo Saboia, causou ao seu governo.

O presidente disse ainda que “Roger Molina não é um perseguido político, é um delinquente que está nas mãos da Justiça boliviana” e lembrou que pesam sobre ele quatro ordens judiciais proibindo sua saída do país e uma condenação de um ano de prisão por um dos casos de corrupção em que é réu. Segundo Morales, “desde o momento em que abandonou a embaixada, já perdeu todo o direito de asilo”.

“É importante devolver Roger Molina à Justiça boliviana para que ele seja julgado como qualquer autoridade que está envolvida em casos de corrupção”, disse o chefe de Estado boliviano. “O Brasil deve explicar a razão desta operação e estamos esperando [uma resposta] para a nota oficial diplomática enviada pela Chancelaria boliviana”, acrescentou. De acordo com Morales, se um caso como este ocorresse com ele, mandaria para a fronteira um acusado de corrupção como o senador.

Para ele, os últimos acontecimentos do caso podem ser atribuídos a interesses políticos que busquem prejudicar as relações entre Brasil e Bolívia. “Não é possível que existam grupos ou autoridades protetoras de corruptas… Alguns políticos do Brasil protegem corruptos bolivianos”, criticou Morales.

Molina deixou La Paz, onde estava asilado na embaixada brasileira havia 15 meses, com ajuda de Saboia, encarregado de negócios na embaixada, e do presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço, com o argumento de que sua vida se encontrava em risco.

Para Morales, entretanto, “o único momento em que a vida de Roger Molina esteve em perigo foi o momento em que se trasladou ao Brasil”. A presidente Dilma Rousseff criticou duramente a operação, dizendo que “um Estado democrático e civilizado, a primeira coisa que faz é proteger a vida e garantir a segurança dos seus asilados”.

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