Egito diz que polícia está autorizada a usar munição verdadeira contra manifestantes

golpe de estado

MOSAAB EL SHAMY/efe

Egípcios oraram nesta quinta (15) em mesquitas onde ainda estavam corpos de mortos em conflitos

Brasília – O Ministério do Interior egípcio anunciou hoje (15) que a polícia está autorizada a usar munições verdadeiras quando os manifestantes atacarem bens públicos ou as forças da ordem. O anúncio foi feito após manifestantes islâmicos atearem fogo a um edifício governamental na província do Cairo e depois de a polícia e o Exército terem dispersado apoiadores do presidente deposto Mohamed Mursi.

Também nesta quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou o cancelamento dos exercícios militares no Egito para protestar contra a morte de centenas de manifestantes. Os exercícios militares também foram cancelados em 2011, no auge da revolta no Egito que derrubou o antigo ditador Hosni Mubarak, um aliado próximo dos EUA.

O presidente dos EUA disse que o seu país não está do lado de nenhuma força política egípcia e defendeu o cancelamento do estado de emergência decretado pelo governo egípcio e o arranque do processo de reconciliação nacional.

França, Grã-Bretanha e Austrália, em conjunto, solicitaram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas para discutir o massacre no Egito, segundo diplomatas. O encontro, a portas fechadas, pode ocorrer até esta noite.

A onda de violência no Egito causou a morte de 525 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde, e a situação motivou um apelo do papa Francisco à “paz, ao diálogo e à reconciliação”. A lista de mortos inclui 202 manifestantes do campo de Rabaa Al Adawiya, no Cairo, e 43 agentes policiais por todo o país, disse fonte oficial do ministério.

A violência no Egito foi desencadeada quando, ontem (14), as forças de segurança invadiram acampamentos de protesto pró-Morsi, o presidente destituído e detido pelo exército no dia 3 de julho.

Embaixada

A Embaixada do Brasil no Egito recomendou hoje aos 140 brasileiros que vivem no país e também aos turistas que estão de passagem para que evitem transitar em áreas nas quais há risco de ocorrerem protestos. O alerta foi emitido por meio de um comunicado da representação diplomática.

“Em razão do ambiente de instabilidade política que se vivencia no Egito, a Embaixada do Brasil recomenda à comunidade brasileira e aos turistas que visitam o país evitar transitar em áreas da capital e de outras cidades onde possam ocorrer manifestações públicas”, diz o texto.

O comunicado acrescenta: “A mesma cautela deverá ser adotada nos deslocamentos em geral, mesmo em locais aparentemente pacíficos. Nesse sentido, é importante estar atento às notícias veiculadas pelos meios de comunicação, assim como zelar pela segurança individual. Recomenda-se igualmente manter os documentos de identificação em local seguro e acessível”.

O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, informou à Agência Brasil que não há brasileiros entre as vítimas nem registro de incidentes com nacionais do Brasil. Paralelamente, a embaixada mantém o alerta e o funcionamento, em regime de plantão, para o atendimento aos brasileiros. Porém, são estudadas medidas adicionais, em caso de agravamento da situação no Egito.

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