violência

Após novo massacre, exército egípcio cerca mesquita onde estão opositores

Ontem (16) mais 173 pessoas morreram no confronto entre as forças governamentais e integrantes da Irmandade Islâmica

©khaled elfiqi/efe

Mulheres da Irmandade Islâmica protestam no Cairo

Brasília – Forças de segurança do Egito entraram na mesquita de Al Fath, na Praça Ramsés, no Cairo, onde se concentram centenas de apoiadores do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi – todos membros do partido da Irmandade Islâmica.

Barricadas protegem a entrada do prédio e a tensão é reforçada pelo grande número de veículos armados e de homens da polícia que cercam toda a área no entorno da mesquita. Os manifestantes dizem que não acreditam na promessa do governo de permitir a saída de todos de maneira segura, sem ações de violência, por isso se recusam a deixar o local.

Ontem (16), outro violento confronto entre a polícia e membros da Irmandade Islâmica deixou um total de 173 pessoas mortas (os últimos dados das autoridades de saúde egípcias) e mil manifestantes foram presos.

Esse último confronto ocorreu depois que um protesto organizado pela Irmandade Islâmica tomou novamente as ruas do Cairo em resposta aos atos do governo egípcio, que desocupou os dois acampamentos do grupo na capital – a ação deixou pelo menos 638 mortos e milhares de feridos.

A Irmandade Islâmica pede o restabelecimento de Mohamed Mursi ao poder – o primeiro presidente do Egito eleito democraticamente – que foi retirado da presidência no mês passado pelo Exércit.

Hoje, a polícia tomou conta da mesquita de Al Fath, na Praça Ramsés, no Cairo, onde apoiadores de Mursi entraram para se proteger. Alguns agentes das forças de segurança egípcias chegaram a entrar no prédio na tentativa de convencê-los a sair.

Imagens ao vivo das TVs egípcias mostraram que homens da polícia do lado de fora da mesquita utilizavam uniformes especiais para uso em confronto.

Cerca de mil pessoas entraram na mesquita para se proteger dos confrontos que tomaram conta da Praça Ramsés, ontem.

O ministro egípcio do interior disse em nota  que 1.004 “elementos da Irmandade Islâmica” foram presos na ontem, sendo 558 apenas no Cairo.

Dissolução

O primeiro-ministro interino Hazem el-Beblawi propôs a dissolução da Irmandade Muçulmana..

A proposta de dissolução foi feita pelo chefe de governo ao Ministério de Assuntos Sociais, responsável por licenciar entidades não governamentais. De acordo com o porta-voz da pasta, Sharif Shawky, o pedido está em estudo.

“A reconciliação está aí para aqueles cujas mãos não estão sujas de sangue”, disse Shawky, em crítica ao movimento, considerado pelo governo interino como responsável pelas mortes durante a ação militar de quarta e os protestos de sexta.

A Irmandade Muçulmana foi registrada como organização não governamental em março, em resposta a um processo legal movido por opositores ao grupo que contestavam sua legalidade. Foi a primeira vez que o movimento islâmico conseguiu o reconhecimento do governo. O

grupo, fundado em 1928, foi dissolvido em 1954 pelo regime militar egípcio e foi considerado ilegal até o início deste ano, quando o país era governado por Mursi. Seu braço político, o Partido Liberdade e Justiça, foi estabelecido em 2011, após a queda do ditador Hosni Mubarak.

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