Espionagem

União Europeia vai revisar acordo de compartilhamento de dados com EUA

'Tenho sérias dúvidas se é seguro', afirma Comissão Europeia em referência às relações com Washington

Wikimedia

Segundo Reding, revisão se dá pois normas que se aplicam nos EUA são “menores” das aplicadas na UE

São Paulo – A União Europeia anunciou hoje (19) que pretende revisar o acordo de compartilhamento de dados com os EUA, o tradicional parceiro e aliado do bloco. A vice-presidenta da Comissão Europeia, Viviane Reding, afirmou ao jornal espanhol El Pais que o governo norte-americano será avisado em breve que os europeus desejam novas regras após o escândalo de espionagem envolvendo o ex-funcionário da CIA, Edward Snowden.

EUA e UE têm um acordo de mútua colaboração desde do ano de 2000. Chamado de “porto seguro” (tradução livre para ‘safe harbour’), a lei facilita o compartilhamento de informações para mais de três mil empresas que trabalham na Europa e EUA.

“Tenho sérias dúvidas que esse acordo é seguro. As normas que se aplicam nos EUA são muito menores dos que se aplicam na UE. Por isso precisamos rever  (o acordo)”, afirmou Viviane Reding ao El Pais. Com esse discurso, afirma a imprensa europeia, a vice-presidenta pretende pressionar Washington para que seja criado um mecanismo que ofereça mais segurança no compartilhamento de dados.

França e Alemanha já demonstraram, por meio do Ministério da Justiça, que desejam enviar um recado contundente aos EUA contra o esquema de espionagem. Eles acenam com um novo acordo com regras mais estritas para atuação norte-americana na internet. “Estamos preocupados. Qualquer ameaça a privacidade das pessoas e do governo deve ser extremamente limitada e controlada”, afirma documento assinado em conjunto pelo dois países.

No final de junho,  documentos vazados da NSA (sigla em inglês para Agência de Segurança Nacional) comprovaram que Washington grampeou atividades do prédio da UE em Nova York e em Bruxelas, sede da entidade.

Na ocasião, o presidente do Parlamento europeu, Martin Schulz, declarou que a espionagem de diplomatas e instituições europeias pelo programa norte-americano Prism – revelada pela revista alemã Der Spiegel – “era um grande escândalo”, que poderia ter impacto nas relações entre os tradicionais aliados ocidentais.

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