Raúl Castro respalda direito de países latino-americanos de asilar Snowden

Caso CIA

 

Havana O presidente de Cuba, Raúl Castro, defendeu o direito dos países latino-americanos de conceder asilo ao ex-técnico da CIA, Edward Snowden, e criticou que a atenção sobre este caso se centre na “perseguição” do jovem e não nos sistemas de “espionagem global” dos Estados Unidos.

Castro fez a declaração no discurso com que encerrou a primeira plenária realizada pela Assembleia Nacional de Cuba na atual legislatura, ontem, em Havana. Em sua primeira declaração pública sobre o caso do ex-analista que vazou planos de espionagem em massa por parte dos EUA, Raúl Castro não disse se Cuba recebeu pedido de asilo por parte de Snowden nem se permitiria seu trânsito pela ilha rumo a outro país.

Ele ressaltou que as revelações de Snowden “permitiram confirmar a existência de sistemas de espionagem global dos Estados Unidos, que violam a soberania das nações, inclusive de seus aliados, e dos direitos humanos”. “Cuba, que foi historicamente um dos países mais agredidos e também mais espionados do planeta, já conhecia a existência destes sistemas de espionagem”, disse Raúl.

Para o presidente cubano, o inusitado é que a atenção esteja centrado na “perseguição internacional” de Snowden e não “no fundamental”, que segundo sua opinião é “o enorme poder dos Estados Unidos no controle em massa das tecnologias da informação e dos meios de comunicação”.

Também criticou as ameaças de Washington ao Equador, assim como o escândalo do avião presidencial do líder boliviano, Evo Morales, episódios que demonstram “que os poderosos se sentem em condições de violentar o direito internacional, vulnerar a soberania dos Estados e pisotear os direitos dos cidadãos”. “Perante essa filosofia de dominação, todos os países do sul estão e continuarão estando por um tempo em perigo”, advertiu Raúl.

À margem destas considerações, o presidente de Cuba dedicou a maior parte de seu discurso ao Parlamento para atacar a corrupção e a perda de valores morais e cívicos no país. “Percebemos com dor, ao longo dos mais de 20 anos de período especial, o aumento da deterioração de valores morais e cívicos, como a honestidade, a decência, a vergonha, o decoro, a honradez e a sensibilidade diante dos problemas dos demais”, lamentou.

O presidente cubano reivindicou aos órgãos estatais e do Governo, entre eles a Polícia, a Controladoria, a Promotoria e os Tribunais, a serem os primeiros a “dar exemplo de apego irrestrito à Lei”, e assim reforçar sua autoridade perante a sociedade. Raúl também pediu aos dirigentes do país para abandonar “a passividade e a inércia” em sua conduta e deixar de olhar para o outro lado quando há problemas.

 

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