Partidos não chegam a acordo para encerrar crise política em Portugal

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JOAO RELVAS/efe

Líder dos socialistas portugueses, Antônio José Seguro, anunciou rompimento do diálogo com partidos conservadores

Lisboa – O líder dos socialistas portugueses, Antônio José Seguro, anunciou hoje (19) o rompimento do diálogo com os partidos conservadores para conseguir um “compromisso de salvação nacional” por causa das divergências sobre o alcance das políticas de austeridade.

O dirigente socialista afirmou em discurso na TV que os conservadores “tornaram inviável” o consenso político que o presidente, Aníbal Cavaco Silva, tinha pedido para encerrar a crise de governo aberta em Portugal há mais de duas semanas.

Um dos principais obstáculos para alcançar um consenso foi a reforma de Estado que os organismos internacionais exigem de Portugal para cumprir os compromissos do resgate, com o qual o país deve conseguir uma economia de 4,7 bilhões de euros aos cofres públicos, disse Seguro.

O líder do Partido Socialista (PS), que lidera as pesquisas eleitorais e pediu antecipação das eleições, deixou nas mãos do chefe do Estado o desenlace do processo. Enquanto isso, assegurou, seu partido continuará a luta contra as políticas de austeridade e trabalhará com os líderes europeus para a “renegociação” do programa de ajustes lusos.

Nesse sentido, Seguro pediu um papel mais ativo do Banco Central Europeu (BCE), assim como mais políticas de crescimento e de emprego para Portugal.

Ao explicar a falta de acordo, argumentou que houve no diálogo “empenho” e “boa fé” por parte dos socialistas e “convergências” em algumas propostas, mas isso seria insuficiente diante das visões diferentes dos partidos sobre como resolver a crise. “Fizemos tudo o que devíamos. Lutamos por soluções realistas para os graves problemas dos portugueses, famílias e empresas”, defendeu.

Nada foi divulgado do conteúdo dos seis dias de conversas entre o PS, o Partido Social-Democrata (PSD, de centro-direita) e o Centro Democrático Social Partido Popular (CDS-PP, democrata-cristão) até o anúncio realizado por Seguro, embora as sondagens da mídia portuguesa tenham percebido a dificuldade de chegar a um acordo.

Entre as propostas do PS não aceitas pelos partidos conservadores, Seguro enumerou: o aumento do salário mínimo e previdência mais baixa; a redução do IVA (imposto sobre consumo) no setor de restaurantes dos impostos das empresas; e a anulação de várias privatizações previstas.

O líder socialista se reuniu com o presidente português antes de fazer sua declaração, que depois recebeu o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e o líder dos democratas-cristãos, Paulo Portas.

O PS divulgou ao mesmo tempo um documento de 11 páginas com as propostas que levou para as negociações, onde rejeita que os técnicos da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) que supervisionam o cumprimento do resgate tenham competência para tomar decisões em Portugal.

A crise de governo começou dia 2 deste mês em Portugal quando Portas apresentou sua demissão como ministro das Relações Exteriores por discordar das políticas de austeridade do Executivo, cuja maioria absoluta deixou no ar com sua renúncia.

Apesar de os dois partidos de governo terem chegado a um acordo dias mais tarde para recompor sua aliança, Cavaco Silva optou por não aceitá-lo e pediu um diálogo entre conservadores e socialistas para assegurar a estabilidade do governo até o fim do programa de assistência, em junho de 2014.


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