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Após telefonema de vice de Obama a Dilma, Brasil enviará comissão sobre espionagem

Técnicos e autoridades brasileiras viajam nos próximos dias a Washigton para apurar denúncias. Dilma reitera que espera desculpas à sociedade brasileira e mantém viagem aos Estados Unidos em outubro

Roberto Stuckert Filho/Planalto

Biden deu explicações gerais sobre o tema, e Dilma cobrou desculpas à sociedade, diz o Planalto

São Paulo – O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, telefonou na noite de ontem (19) para a presidenta Dilma Rousseff para dar explicações sobre as denúncias de espionagem do Brasil por órgãos de inteligência norte-americanos. Segundo informações divulgadas pelo Palácio do Planalto, Dilma aceitou a proposta da Casa Branca de que se envie a Washington nos próximos dias uma comissão de técnicos e autoridades que buscarão explicações detalhadas sobre o caso.

A ligação durou 25 minutos, disse o governo brasileiro, e Biden deu explicações gerais a respeito da situação. A nota divulgada no Blog do Planalto não esclarece se o vice-presidente abordou especificamente a informação de que uma central de espionagem de políticos, cidadãos e empresas funcionou em Brasília até 2002. De acordo com o texto, o vice-presidente lamentou a repercussão negativa do caso dentro da sociedade brasileira.

Na conversa, Dilma expressou grande preocupação com a violação da privacidade de cidadãos e de instituições de Estado, e informou que espera que os Estados Unidos prestem esclarecimentos à soecidade brasileira. Ela reiterou esperar mudanças nas políticas de comunicações para evitar que haja novas violações de privacidade e da soberania do país.

Segundo o Planalto, a presidenta manteve a intenção de viajar a Washington no próximo dia 23 de outubro, expressando que espera que o caso seja resolvido até lá.

Após a descoberta do esquema, o governo montou um grupo interministerial para abordar a questão. Este grupo manifestou desejo de formulação de regras para evitar que o episódio se repita, e prometeu enviar o caso à Organização das Nações Unidas (ONU) para que seja debatida uma reação.

Durante Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul este mês, em Montevidéu, Dilma cobrou esclarecimentos e a formulação de políticas conjuntas contra este tipo de atuação ilegal. “Nós também fomos atingidos diretamente pelas recentes denúncias de que as comunicações eletrônicas e telefônicas de cidadãos e instituições de nossos países e de outros países da América Latina estão sendo objeto de espionagem por órgãos de inteligência”, afirmou. “Isso fere nossa soberania e atinge direitos individuais inalienáveis de nossa população. Defendemos que a soberania, a segurança de nossos países, a privacidade de nossas comunicações, a privacidade de nossos cidadãos, a privacidade de nossas empresas devem ser preservados.”

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