GERAÇÃO EM PERIGO

OIT identifica ‘crescente desalento’ entre jovens, desemprego e vagas de baixa qualidade

Segundo a entidade, 73,6 milhões de pessoas de 15 a 24 anos estarão sem emprego este ano em todo o mundo

Organização estima que nas economias avançadas e na União Europeia a taxa não ficará abaixo de 17% antes de 2016 (Foto: Marta Perez/EFE)

São Paulo – Relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre emprego juvenil, intitulado Uma Geração em Perigo, aponta um cenário de “crescente desalento entre os jovens nas economias avançadas e empregos de baixa qualidade, informais e de subsistência nos países em desenvolvimento”. De acordo com a entidade, 73,6 milhões de jovens deverão estar desempregados este ano em todo o mundo, uma taxa de 12,6%, em níveis próximos ao pior momento da crise econômica, em 2009 (12,7%). Desde 2007, são 3,5 milhões de desempregados a mais na faixa de 15 a 24 anos.

Nas chamadas economias avançadas, a taxa de desemprego juvenil atingiu 18,1% em 2012. Na Espanha e na Grécia, atinge mais da metade da população nessa faixa etária. “Muitos jovens abandonaram toda a busca por trabalho. Se forem incluídos nas cifras de desemprego, os jovens desempregados ou desalentados nas economias avançadas seriam 13 milhões, em comparação com 10,7 milhões que estavam oficialmente sem emprego em 2012”, diz a OIT. A entidade estima que nas economias avançadas e na União Europeia a taxa não ficará abaixo de 17% antes de 2016.

Nos países em desenvolvimento, as taxas mostram grande variação conforme a região. As mais altas, em 2012, chegaram a 28,3% no Oriente Médio e a 23,7% no norte da África, e as menores eram as da Ásia Oriental (9,5%) e da Ásia Meridional (9,3%). Na América Latina e Caribe, chegou a 12,9%, em movimento descendente – em 2003, por exemplo, a taxa era de 17,6%.

Para os empregados, mudou o perfil da ocupação. “O crescimento do trabalho temporário ou a tempo parcial, em especial desde o ponto mais alto da crise, sugere que esse tipo de trabalho é frequentemente a única opção para os trabalhadores jovens”, afirma o subdiretor geral de Políticas da OIT, José Manuel Salazar-Xirinachs.

Segundo ele, também cresce a proporção de jovens não empregados há pelo menos seis meses. “A consequência a longo prazo da persistência do alto desemprego juvenil inclui a perda da valiosa experiência de trabalho e a erosão das capacidades profissionais”, diz. “Além disso, para um jovem, experimentar o desemprego nos primeiros anos de carreira pode ter consequências em seu salário e enfraquecer suas perspectivas de renda, ainda décadas mais tarde.” O subdiretor teme que esse cenário se agrave, provocando “aumento da pobreza e crescimento mais lento”.

A OIT sugere a implementação de políticas macroeconômicas, medidas direcionadas aos jovens nos países desenvolvidos que incluam educação, formação, experiência e incentivos à contratação. Nos países em desenvolvimento, programas integrados com cursos de alfabetização, formação profissional e apoio às empresas.

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