Chile se prepara para eleições com governo em baixa e volta de Bachelet

Porto Alegre – Em novembro deste ano, os chilenos irão definir o sucessor do presidente Sebastián Piñera, assim como os nomes de 120 deputados e 18 senadores. Será o quarto processo […]

Porto Alegre – Em novembro deste ano, os chilenos irão definir o sucessor do presidente Sebastián Piñera, assim como os nomes de 120 deputados e 18 senadores. Será o quarto processo eleitoral da América Latina no ano – equatorianos, paraguaios e venezuelanos já escolheram os seus presidentes. Honduras realiza o seu pleito também em novembro, encerrando um ano importante para a política do continente. No Chile, esta será a sexta eleição desde o retorno à democracia, e marca o embate entre a direita, atualmente na situação, e a Concertación, bloco de centro-esquerda da ex-presidenta Michelle Bachelet.

Piñera deve entregar o governo, período repleto de conflitos com os movimentos sociais, com baixos índices de aprovação. Durante todo o ano passado, a rejeição ao presidente se manteve próxima aos 60%, segundo as pesquisas do país. No auge dos protestos estudantis que exigiam a gratuidade da educação pública e contestavam o modelo político em andamento no Chile, em agosto de 2011, o índice dos entrevistados que se dizia satisfeito com o governo era de apenas 22%. Mas não é por questões de popularidade que Piñera não aparece como candidato: no Chile, a legislação eleitoral não permite a reeleição.

A situação, formada basicamente pelos partidos Unión Demócrata Independiente (UDI) e Revolución Nacional (RN), deve decidir nas prévias entre o ex-ministro da Economia, Pablo Longueira, e o ex-senador Andrés Allamand. Até a última semana, o candidato de situação que surgia com maiores possibilidades de vitória era Laurence Golborne, ministro de Obras Públicas do governo Piñera e famoso por liderar o esquema que resgatou os 33 mineiros de San José, ainda em 2010. Golborne, no entanto, foi preterido na convenção interna da aliança entre os partidos, que optou pela indicação de candidatos com maior experiência no terreno eleitoral para tentar frear a candidatura de Michelle Bachelet a La Moneda.

Bachelet, presidenta do Chile entre 2006 e 2010, desde então coordenava a Diretoria de Mulheres da ONU e vivia fora do país. Nem bem regressou a Santiago, foi apresentada pelo Partido Socialista (PS) como candidata ao pleito de 2013. Segundo as primeiras pesquisas, ainda incipientes, Bachelet venceria as prévias da Concertación com facilidade, e alcançaria um número maior de votos do que qualquer candidato da situação no primeiro turno. Como primeiras propostas para a disputa eleitoral, o site da campanha da socialista indica a “gratuidade na educação como direito universal” e a “elaboração de uma nova Constituição, com mais garantias e direitos para o povo”.

A direita chilena reagiu imediatamente aos primeiros movimentos da candidatura de Michelle Bachelet. Em coluna no jornal El Mercúrio, um dos mais lidos do país, o ex-ministro de Augusto Pinochet, Hernán Büchi, criticou os planos da candidata para a educação. Para Büchi, “não existe educação gratuita, pois ela tem um custo e o que (Bachelet) pretende é passar este custo a um terceiro, sem dizer quem é”. O colunista afirma que por trás das afirmações da socialista há “uma agenda oculta”, que busca “desaparecer com a educação superior privada que floresceu nos últimos trinta anos”. Por fim, Hernán Büchi conclui que as propostas de Bachelet resultariam na “diminuição da qualidade” do sistema educacional chileno.

Como alternativas ao voto na situação e na Concertación, aparecem dois homens ligados à televisão do Chile. Franco Parisi, que apresenta um programa popular cuja temática é a economia, apresentou candidatura independente. Já Marco Enríquez-Ominami, cineasta e ex-deputado pelo Partido Socialista, deixou a coalizão de centro-esquerda e irá concorrer à presidência pelo Partido Progressista. As prévias nos partidos e alianças estão marcadas para o final de junho, cinco meses antes das eleições de 17 de novembro.

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