Pré-candidata, Bachelet abraça a bandeira do ensino público gratuito no Chile

Ex-presidente disputa primárias da coalizão de centro-esquerda em junho; eleições são em novembro

Bachelet com Cristina Kirchner, em encontro no ano passado (Foto: Divulgação/Casa Rosada)

São Paulo – A ex-presidente chilena Michelle Bachelet tornou-se oficialmente onem(13), candidata à Presidência do país pelo Partido Socialista (PS) e com apoio do Partido Pela Democracia (PPD). Em um discurso realizado em um teatro lotado por seis mil pessoas em Santiago, ela foi aplaudida pelos presentes e afirmou que sua prioridade será “consolidar a gratuidade universal da educação”. Ela já havia anunciado informalmente que concorreria ao cargo em março.

O primeiro discurso de Bachelet, presidente de 2000 a 2006, chamou muita atenção por suas promessas, que atendem duas das principais demandas da esquerda e dos estudantes do país: o ensino público gratuito, reivindicação histórica do movimento estudantil e que se intensificou durante o atual governo do conservador Sebastián Piñera; e a reforma constitucional, já que a carta magna chilena atual ainda é do tempo da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

“Temos de iniciar uma reforma profunda na educação que assegure um ensino público e de qualidade, que acabe com o lucro no setor e avance para a gratuidade universal (…) É necessário levar a cabo uma reforma tributária que nos permita contar com mais recursos e que faça com que os que têm mais contribuam mais”.

Curiosamente, Bachelet é muito criticada pelo movimento estudantil por não ter realizado a reforma estudantil durante o seu governo. Ela também destacou que lutará pada diminuir as desigualdades sociais.

“Desde quando recuperamos a democracia, o Chile teve crescimento e preogresso, mas sejamos justos, muitas reformas deixaram de ser feitas. O país precisa de mudanças profundas e, por isso que digo que devemos construir uma nova maioria política e social”, disse a candidata.

Ela também dedicou parte de seu discurso para dizer que combaterá as injustiças sociais: “Buscaremos um país mais inclusivo, esta é a missão de nossa tarefa, a maioria dos chilenos nos pede para colocarmos no centro de nossa prioridades a questão da desigualdade”.

Sobre a reforma educacional, ela defendeu que os chilenos que moram no exterior também tenham direito a voto e que a eleição, marcada para o mês de novembro, deverá ser a última no sistema binominal.

Desde o ano passado, as pesquisas de opinião apontam, Bachelet como a favorita para um segundo mandato – não consecutivo, já que no Chile não é permitida a reeleição – com grande vantagem, oscilando entre 50% a 55% das preferências dos entrevistados. Após sair da Presidência chilena, ela trabalhou na ONU (Organização das Nações Unidas) como diretora da ONU Mulherers, em Nova York. É também a política chilena mais bem avaliada, com 85% de aprovação.

“Chegou o momento de uma decisão política e cidadã transcendente. O Chile precisa de uma nova Constituição, uma carta fundamental nascida na democracia, coerente com as condições atuais do Chile, necessitamos garantir aos chilenos e chilenas direitos econômicos e sociais”.

Ao mesmo tempo do discurso de Bachelet, ocorria outro ato de oficialização da candidatura presidencial. O ex-prefeito de Peñalolén, Claudio Orrego, foi confirmado como candidato pela DC (Democracia Cristã).

No dia 30 de junho, Bachelet e Orrego concorrerão às primárias da coalizão de centro-esquerda Concertação, ao lado do senador José Antonio Gómez, do PRSD (Partido Radical Social-Democrata) e do independente Andrés Velasco, ex-ministro da Fazenda da própria Bachelat.

O vencedor disputará o primeiro turno da eleição em 17 de novembro e terá como principal rival o representante da direita, que deverá ser ou o ex-ministro de Obras Públicas de Piñera, Laurence Golborne, da pinochetista UDI (União Democrática Independente) e o ex-ministro da Defesa do atual governo, Andrés Allamand, da RN (Renovação Nacional).

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