Paraguai encerra votações; boca de urna dá vitória a candidato colorado

Primeiros resultados são esperados a partir das 21h; sistema de votação fez paraguaios esperarem em média mais de uma hora em filas, mas eleitores consideram que demora foi menor que em 2008

Assunção – O período de votação nas eleições gerais paraguaias foi encerrado às 17h deste domingo (16h locais). Todos os eleitores que estavam na fila ainda podem votar, o que deve levar cerca de mais uma hora. Os primeiros resultados devem ser divulgados às 21h (20h locais), quando o processo de apuração atingir cerca de 90%. O colorado Horacio Cartes deverá ser eleito presidente, segundo pesquisas de boca de urna. 

Durante todo o dia, as filas nos colégios eleitorais eram pequenas, mas o tempo de espera muitas vezes ultrapassava uma hora no centro de Assunção. Isso porque cada paraguaio demorava, em média, cinco minutos para votar em todos os cargos (presidente, governador, senador, deputado, representantes do Parlasul e membros para a Junta Departamental).

Paraguaios ouvidos disseram que as filas estavam um pouco menores do que na eleição anterior, em 2008, quando Fernando Lugo acabou com a sequência de mais de 60 anos do Partido Colorado no poder. “Todos vieram votar cedo com a esperança de tirar os colorados da Presidência. Esta eleição não atraiu tanto a população, até porque a campanha foi muito violenta, com ataques de Horacio Cartes e Efraín Alegre”, afirma Olga Garcete, citando os dois candidatos que devem ocupar as primeiras colocações hoje.

De acordo com o último relatório do TSJE (Tribunal Superior de Justiça Eleitoral), o índice de abstenção deverá ser de 35% dos pouco mais de 3,5 milhões de eleitores.

História

Favorito para voltar ao poder, após apenas cinco anos longe do Palácio de los López, o Partido Colorado tem sua história intimamente ligada ao Brasil. Principais representantes da elite paraguaia, os colorados buscaram, em diferentes épocas, apoio do governo brasileiro para minimizar a influência da Argentina na região da Bacia do Prata.

“Os antigos líderes colorados sempre diziam que o Paraguai precisava de dois pulmões para respirar, que não poderia depender só da Argentina e do porto de Buenos Aires para escoar seus produtos. O Partido Colorado sempre foi pró-Brasil. Isso só mudou quando Lula e Dilma chegaram ao poder e confrontaram a elite paraguaia”, afirma José Aparecido Rolon, doutor em Ciência Política na USP e especialista em Paraguai.

Mesmo durante o período mais sombrio da história dos dois países, durante as ditaduras militares, colorados e brasileiros andaram lado a lado. Durante seu governo, o ditador Alfredo Stroessner (1954-1989) usava a proximidade com o Brasil para condicionar sua permanência no cargo à realização de importantes obras, como a Ponte da Amizade em Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná.

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