Candidato brasileiro competirá com mexicano na fase final para diretoria da OMC

Roberto Azevêdo e mexicano Herminio Blanco, são favoritos desde o início da eleição

São Paulo – O diplomata brasileiro Roberto Azevêdo passou para a terceira e última fase da eleição que irá definir o sucessor do francês Pascal Lamy como diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Desde o início, Azevêdo e o mexicano Herminio Blanco, que também passou para a próxima fase, figuram entre os favoritos para chegar à rodada final. Na penúltima fase foram eliminados os candidatos de Nova Zelândia, Coreia do Sul e Indonésia.

Outros quatro candidatos, apresentados por Costa Rica, Jordânia, Gana e Quênia, ficaram de fora em uma primeira rodada do processo de escolha realizada no dia 11 de abril. Esta é a eleição com o maior número de postulantes ao cargo de diretor-geral nos 18 anos de OMC e também a única a incluir três mulheres. O vencedor irá assumir o cargo em setembro.

Azevêdo é embaixador de carreira no Ministério das Relações Exteriores e representa desde 2008 o Brasil na OMC, onde impulsionou iniciativas arriscadas como a necessidade de avaliar o impacto que a “guerra de divisas” tem no comércio mundial.

Blanco foi o principal negociador do México do NAFTA (Tratado de Livre-Comércio com a América do Norte) na década de 1990 e atualmente trabalha no setor privado. O mexicano participou ainda das negociações dos TLC (tratados de livre-comércio) de seu país com a UE (União Europeia), 10 países latino-americanos, Japão e Israel.

Os outros candidatos que participaram desta etapa foram o ministro neozelandês de Comércio, Tim Groser, o ministro sul-coreano das Relações Exteriores e Comércio, Taheo Bark, e a ministra indonésia de Turismo, Mari Elka Pangestu, que também era apontada com uma das favoritas. Azevêdo e Blanco são vistos com bons olhos pelos países desenvolvidos, que têm um forte poder na organização, embora cada voto dos 159 membros seja igual.

Fontes diplomáticas explicaram que este era o cenário preferido pelos mexicanos e que o Brasil queria evitar, pois Blanco previsivelmente contará no final com o respaldo da UE, Estados Unidos e também dos 21 países-membros do Fórum de Apec (Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico), organismo do qual o México faz parte. As fontes indicaram ainda que o voto latino-americano ficará dividido, por isso Azevêdo e Blanco terão que fazer nas próximas semanas um novo esforço diplomático para consolidar apoios.

Nos quatro meses que transcorreram desde a apresentação das candidaturas, os latino-americanos não foram um bloco sólido e evitaram, sobretudo o Brasil, a possibilidade de um acordo para apoiar o postulante da região que permanecesse na disputa.

O único que claramente defendeu a opção de respaldar um latino-americano se fosse eliminado nas etapas iniciais foi Blanco, enquanto Azevêdo declarou que optaria entre um candidato da região e um africano. A decisão final deverá ser tomada antes de 31 de maio para facilitar a transição entre a saída de Lamy, que ocupou oito anos o cargo de diretor-geral, e a chegada de seu sucessor.

A OMC vive um momento crítico devido à incapacidade para desbloquear a rodada de Doha, proposta de liberalização do sistema multilateral de comércio estagnada há meia década. Países ricos, em desenvolvimento e pobres têm visões diferentes da velocidade com a qual se deve relançar essa abertura comercial, e a crise econômica global aprofundou ainda mais estas diferenças.

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