São Paulo – O escritor Frei Betto, assessor de movimentos sociais, considera que a saída de Bento XVI e a escolha do sucessor no comando da Igreja Católica não devem levar a uma discussão sobre a figura do papa, mas à estrutura eclesiástica: “O fato é que, cedo ou tarde, a igreja vai ter de democratizar sua estrutura de poder e torná-la mais colegiada. Esperamos que o próximo papa seja menos imperial e triunfalista e mais próximo do testemunho de Jesus.”

Hoje (4) se reuniu pela primeira vez no Vaticano o colégio de cardeais do qual sairá o próximo líder da Igreja Católica. O encontro teve a participação de 103 dos 105 religiosos habilitados a votar, mas, segundo o religioso mais velho, cardeal Angelo Sodano, o conclave só terá início quando todos eles estiverem reunidos na sede da instituição.

O papado não é uma instituição de origem cristã e o termo “papa” não existe no novo testamento, segundo Frei Betto: “Será que a igreja poderia viver sem papa? À primeira vista, isso soa quase uma heresia. Mas nada indica nos evangelhos que Jesus pensou instituir uma dinastia apostólica.” A figura do papa foi criada no século IV pelo bispo Eusébio de Cesareia –  mentor da politica globalizada do imperador romano Constantitino (306 a 327 d.C.). À época, o bispo redigia listas que definiam os nomes dos bispos das principais cidades do império, adaptando o modelo da igreja ao modelo imperial da sucessão de poderes.

Frei Betto diz que o papado, herança do império de Constantino, tornou-se uma monarquia absoluta, o que permanece até os dias de hoje. “O papa não está sob qualquer Parlamento ou Tribunal. Trancado no Vaticano, Ele passou a viver numa esfera irreal, refém de uma cúria mais interessada no aterro ao poder do que na missão evangélica de levar aos pobres a palavra de Jesus.”

Confira a íntegra da reportagem da Rádio Brasil Atual:

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