Oposição mantém queixas contra interino, e irmão de Chávez desmente coma

Políticos contrários ao líder venezuelano não aceitam decisão da justiça; Adán Chávez garante que irmão tem recuperação gradual de cirurgia realizada há um mês em Cuba contra câncer

Na quinta-feira, Caracas foi tomada por manifestantes que “tomaram posse” no lugar de Chávez (Foto: Carlos Garcia Rawlins. Reuters)

São Paulo – A oposição ao governo de Hugo Chávez manteve hoje (12) as críticas às decisões tomadas em torno do início do novo mandato do presidente, internado há um mês em Cuba após a quarta cirurgia contra um câncer na pélvis. Enquanto isso, o irmão de Chávez, o governador da província de Barinas, Adán, desmentiu informações divulgadas na internet de que o mandatário está em coma e que a família já discute o desligamento de aparelhos que o mantêm vivo.

Em Caracas e em algumas outras cidades, manifestantes demonstraram insatisfação com a decisão do Tribunal Supremo de Justiça, que na quarta-feira permitiu o adiamento do juramento de Chávez para o novo mandato, marcado para ocorrer na quinta, até que o presidente se recupere. Os opositores centram as críticas em duas frentes. De um lado, entendem que a Constituição prevê a realização de novas eleições em 30 dias caso o presidente não tenha condições de assumir. De outro, avaliam que o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, deveria exercer interinamente a presidência, e não o vice, Nicolás Maduro, nomeado por Chávez antes da viagem a Havana.

“Até quando Maduro será nosso presidente?”, questiona o dirigente do grupo Vontade Popular Carlos Vecchio. “É contra esse autogolpe que ele deu que iremos protestar, de forma pacífica e como é nosso direito”, disse ao site Opera Mundi.

Para a oposição, o fato de Maduro não ter sido eleito por meio de voto popular o desqualifica para assumir o comando do país enquanto Chávez se recupera. Antonio Ledezma, prefeito de Caracas e um dos principais nomes opositores, chegou a dizer essa semana que o “governo deu um golpe contra Chávez”.

“O único presidente hoje se chama Diosdado Cabello, mas o tiraram da jogada. Estamos vivendo uma ditadura. A única solução é esquentar as ruas, como fizemos em 2007”, disse o líder estudantil Freddy Guevara, membro do Vontade Popular, em referência à campanha da oposição contra plebiscito constitucional proposto pelo governo venezuelano e rejeitado pela maioria da população. “Se não tivemos medo de Chávez, menos ainda teremos de Maduro”, continuou.

Maduro viajou ontem a Havana para manter o presidente eleito a par dos projetos do governo. O interino informou que Chávez está consciente e acompanha de perto todas as ações tomadas pelos ministros, cumprindo “um papel sumamente importante” na administração. 

Os atos convocados hoje pela oposição foram uma tentativa de dar resposta às manifestações ocorridas no dia em que seria a posse de Chávez. Na ocasião, apoiadores do presidente encheram as ruas de Caracas e prestaram o juramento constitucional, uma maneira simbólica de dizer que assumiam o mandato junto com ele. Maduro aproveitou a ocasião para advertir que “a ultradireita da Venezuela está tentando provocar um banho de sangue no país, mas o governo e os militares estão atentos e reagirão”.

Hoje, de volta a Caracas, o irmão do presidente garantiu que o estado de saúde vem melhorando. “São totalmente falsas as informações que têm circulado nas redes sociais e por outras vias, de que o presidente está em coma e de que a família discute um suposto desligamento dos aparelhos que o mantêm vivo”, afirmou o governador de Barinas, Adán Chávez, num comunicado. “O chefe de Estado continua assimilando bem o tratamento, e a cada dia a sua recuperação avança”, acrescentou.

 Também foram a Havana os presidentes da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, e do Peru, Ollanta Humala. O presidente peruano voltava de Cuba neste sábado, sem confirmação oficial de que havia estado com Chávez.

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