São Paulo – O governo da Venezuela informou ontem (11) que o presidente Hugo Chávez está “consciente e comunicativo”. A informação foi fornecida pelo ministro da Informação, Ernesto Villegas, em entrevista à União Rádio da Espanha a respeito do estado de saúde do mandatário eleito, que completou um mês de internação em Havana após a quarta cirurgia contra um câncer na pélvis.

Segundo Villegas, Chávez mostra “grande força e uma grande vontade espiritual”, acrescentando que aqueles que esperam pela morte “vão ficar na vontade”. “Mantém todas suas competências como chefe de Estado do país”, afirmou o ministro, garantindo que o presidente se mantém em contato com a equipe de governo e com os parentes, que estão em Havana.

Ontem, passaram pela capital cubana a presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, o presidente do Peru, Ollanta Humala, e o presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, que foi informar Chávez sobre o andamento do governo, esta semana apoiado por uma massiva manifestação em Caracas no dia em que deveria ter início o novo mandato.

Cristina foi a primeira a chegar. Pela manhã, reuniu-se com o presidente Raúl Castro e com o líder Fidel. À tarde, encontrou-se com familiares de Chávez, e evitou comentar o estado de saúde do mandatário. Antes de iniciar a visita oficial, a argentina informou que presentearia o venezuelano com a Bíblia recebida na véspera de líderes evangélicos em audiência na Casa Rosada. “Não é uma visita para fazer comentários nem entrevistas, mas simplesmente de solidariedade e acompanhamento com quem é um amigo, um companheiro, e que ajudou tanto à República Argentina quando ninguém a ajudava”, ressaltou. Mais tarde, pelo Twitter, a filha de Chávez, María Gabriela, enviou uma mensagem de agradecimento a Cristina. “Obrigado. Obrigado por tanto amor, querida Cristina.”

Incertezas continuam

Ontem, opositores de Chávez reafirmaram a visão de que a Constituição prevê a realização de novas eleições dentro de 30 dias em caso de impossibilidade de o presidente assumir. Integrantes da coalizão contrária ao atual governo criticaram ainda a Organização dos Estados Americanos (OEA) por respaldar a decisão do Tribunal Supremo de Justiça, que esta semana definiu que não há necessidade de convocação de um novo pleito.

Para o ministro da Informação, o que se busca é “um modo de conseguir por outros meios o que não conseguiram com votos”. Villegas considera que não há falta de transparência por parte do governo, uma vez que em 27 ocasiões foram dadas notícias sobre o estado de saúde do presidente. Em um informe otimista, ele garantiu que Chávez conta com uma vontade que lhe permite ressurgir “quando poucos apostam em seu futuro”. “O presidente é o presidente, não há nenhum outro.”

Mais tarde, o presidente em exercício chegou à ilha acompanhado do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, da procuradora da República Cilia Flores, do ministro de Ciência e Tecnologia, Jorge Arreaza, e do governador da província de Barinas, Adam Chávez. Nicolás Maduro afirmou que levaria a Chávez as “boas novas de um povo trabalhando, fazendo revolução com coragem, disciplina e entusiasmo”. 

Maduro garantiu que o líder continua trabalhando e está a par de todos os projetos do governo, acrescentando que Chávez segue a cumprir “um papel sumamente importante” na administração do país. 

Com informações do jornal Página12