Brasil não teme quebra de institucionalidade na Venezuela, diz assessor de Dilma

Segundo Marco Aurélio Garcia, informação é resultado de uma 'guerra de boatos' em torno da saúde de Chávez

Rio de Janeiro – O Brasil está preocupado com a saúde do presidente venezuelano, Hugo Chávez, mas não avalia que haja possibilidade de quebra institucional no país vizinho, afirmou em entrevista exclusiva por telefone ao Opera Mundi Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais. Garcia se reuniu em Havana em 31 de dezembro de 2012 com as mais altas autoridades de Cuba e Venezuela para acompanhar a situação. 

Na opinião de Garcia, a notícia de que o governo brasileiro estaria preocupado com a situação institucional da Venezuela é resultado de uma “guerra de boatos”, originada na própria Venezuela. No Brasil, correu a versão de que o governo estaria preocupado com a possibilidade de que setores do chavismo boicotem a realização de uma nova eleição presidencial, caso Chávez não consiga assumir o mandato para o qual foi reeleito em 7 de outubro de 2012.

Segundo Garcia, a própria entrada da Venezuela no Mercosul no ano passado é um fator a mais que garante que não haverá ruptura institucional. Garcia destacou ainda que a presidenta Dilma Rousseff está sendo regularmente informada sobre a saúde do líder venezuelano, há três semanas internado em hospital de Havana para o tratamento de um câncer. Segundo ele, a situação de Chávez é considerada “grave”.

O presidente venezuelano anunciou em 8 de dezembro do ano passado que precisaria passar por uma quarta cirurgia após células cancerígenas aparecerem em exames médicos. Ele novamente não detalhou o local exato do câncer. Na ocasião, ele indicou que o vice Nicolás Maduro seria o candidato ideal caso os venezuelanos precisem eleger um novo presidente.

A Constituição venezuelana prevê que, caso ocorra uma falta “absoluta” do presidente nos últimos dois anos de governo, o vice deverá assumir. No entanto, o mesmo artigo assinala que, em caso de ausência do presidente eleito na posse, serão convocadas novas eleições dentro de um prazo de 30 dias. Nesse período, governa o presidente da Assembleia Nacional, atualmente o deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello.

Se a falta absoluta ocorre nos primeiros quatros anos do governo, é convocada uma nova eleição, da mesma forma caso ela aconteça antes da posse. A diferença é que, no período entre o pleito e a posse, quem governa é o vice-presidente. Na situação atual, Maduro.

Boatos

Os boatos sobre a saúde de Chávez e o futuro do governo do presidente venezuelano foram condenados na terça-feira (1) por Maduro, que se encontro em Havana junto com o resto da alta cúpula chavista.

Em entrevista à rede multiestatal TeleSur, o também chanceler fez um chamado ao povo para que “se vacine” contra “rumores e mentiras” que circulam em redes sociais e meios de comunicação da oposição.

Ele garantiu que todos os detalhes sobre a recuperação do líder venezuelano estão sendo transmitidos. “[Chávez] está consciente, absolutamente, da complexa recuperação pós-operatória e nos ordenou (…) que informássemos o povo da situação, por mais dura que fosse”, disse. 

 

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