Constituição do Egito é aprovada em referendo, diz Irmandade Muçulmana
'Sim' teria recebido 64% dos votos contra 36% do 'não' nas duas fases de votação
Publicado 23/12/2012 - 12h05
Por sua vez, a televisão egípcia indicou que o “sim” conseguiu 70,7% dos votos na segunda rodada, enquanto o jornal estatal “Al Ahram” o avalia em 71,4%. A taxa de participação foi baixa, em torno de 32%.
O primeiro turno ocorreu há uma semana em outras dez províncias, entre elas Cairo e Alexandria, e nela ganhou o “sim” com quase 57% dos votos, sempre segundo os resultados oficiosos.
Durante a segunda rodada do plebiscito, tanto Irmandade Muçulmana como a opositora FSN (Frente de Salvação Nacional), que reúne grande parte da oposição não islâmica, denunciaram várias irregularidades.
O FSN apoiou o “não” ao considerar que a redação da minuta da Constituição foi monopolizada pelos islâmicos e que o texto corta direitos e liberdades, além de abrir a porta para uma interpretação islâmica da lei. O projeto da nova Constituição – aprovado por uma Assembleia Constituinte dominada pelos islamistas da Irmandade Muçulmana e boicotado pela maioria da oposição secular, liberal e cristã – mantém os princípios da sharia (lei islâmica) como fonte principal de legislação.
A organização não governamental Human Rights Watch considerou que este projeto de Constituição “protege alguns direitos, mas mina outros”. A Anistia Internacional afirma que o texto “ignora os direitos das mulheres, restringe a liberdade de expressão em nome da proteção da religião e permite aos militares julgar civis”.
Se a comissão que acompanhou a realização do referendo confirmar a vitória do “sim” – o que poderá ocorrer amanhã (24) –, os egípcios serão chamados a votar dentro de dois meses para escolherem a formação do futuro Parlamento.