Recessão na Espanha e em Portugal domina Cúpula Ibero-americana

Países procuraram ajuda de suas ex-colônias latino-americanas, na busca por uma onda de comércio e investimento que possa resgatá-los da crise econômica

Espanha – Sofrendo com uma profunda recessão e com protestos de seus cidadãos contra a perda de empregos e os cortes de gastos públicos, os dois países europeus esperam que a 22ª Cúpula Ibero-americana que ocorre hoje (16) e amanhã (17), em Cádiz, possa abrir oportunidades comerciais que são muito necessárias. Participam 16 dos 22 países que fazem parte do bloco. Números divulgados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) hoje (16) destacaram as situações contrastantes dos continentes ao prever crescimento na América Latina de 3,2 % este ano e de 4% em 2013.

“A América Latina oferece uma grande oportunidade para a Espanha. Temos a língua, temos a cultura, temos muitos anos de investimento lá”, afirmou o chanceler espanhol, José Manuel García-Margallo, em um fórum de negócios da cúpula. “Muitas realizações e muitos erros. Espanha e Portugal são os amigos mais próximos da América Latina”, disse o chanceler.

Embora o anfitrião oficial seja o rei da Espanha, Juan Carlos, a figura mais importante é a presidenta Dilma Rousseff. A Espanha deixou claro que considera o Brasil vital para a sua salvação. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, escreveu esta semana, na revista Época Negócios, que ele queria “mais do Brasil na Espanha e mais da Espanha no Brasil”.

A Espanha já é o segundo maior investidor estrangeiro no Brasil e Rajoy quer que empresas espanholas obtenham uma fatia de projetos de infraestrutura, como portos, rodovias e aeroportos, inclusive para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 no Brasil. Dilma Rousseff vai permanecer na Espanha para negociações bilaterais.

Grandes empresas espanholas como a Telefónica e o gigante bancário Santander agora dependem de suas operações na América Latina, e no Brasil em particular, para uma grande parte de seus lucros, à medida que os mercados locais declinam. Hoje, a companhia espanhola de tecnologia Indra informou que um quarto de sua receita este ano virá da América Latina, onde as suas vendas aumentaram 12 vezes nos últimos seis anos. O Brasil é o seu segundo maior mercado depois da Espanha.

O secretário-geral da OCDE, o mexicano Angel Gurría, disse que a América Latina ainda precisa de experiência profissional, infraestrutura, educação e tecnologia. “Se não mudarmos essa tendência, vamos todos trabalhar para os coreanos”, disse ele. Portugal também está interessado em atrair investimentos brasileiros para as privatizações que foi obrigado a realizar nos termos do seu resgate da zona do euro.

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